Título: Datafolha: Marina e Serra se dizem otimistas
Autor: Pinto, Anselmo Carvalho; Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 24/09/2010, O País, p. 17

Candidata do PV diz que "o que está nas ruas é maior do que há nas pesquisas"; para tucano, o que importa é o dia 3

CUIABÁ, SÃO PAULO e SINOP (MT). A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, disse ontem que o crescimento de sua candidatura ainda não foi completamente captado pelas pesquisas de intenção de votos.

- O que está nas ruas é muito maior do que o que aparece nas pesquisas. E este movimento só vai aumentar - disse a candidata, ao ser perguntada sobre a queda na diferença de intenções de voto entre Dilma Rousseff (PT) e a soma dos votos dela e do candidato do PSDB, José Serra, segundo pesquisa Datafolha divulgada anteontem.

Em visita a Sinop, Mato Grosso, onde fez campanha ontem, Serra disse que o resultado do Datafolha o faz acreditar em segundo turno.

- Tenho toda confiança de que vou para o segundo turno. Campanha não é campeonato, é uma partida só no dia 3 - disse Serra.

O instituto captou o crescimento de Marina, que obteve 13% das intenções de voto. Na pesquisa anterior, ela tinha 11%. Na mesma pesquisa, Serra foi de 27% para 28%.

- Eu posso falar muito bem do acerto da nossa campanha. Em não nos deixarmos levar pelo vale-tudo eleitoral, de tratarmos as coisas com correção e debater o Brasil que interessa - afirmou Marina, que ontem fez campanha em Cuiabá.

A pesquisa do Datafolha divulgada anteontem reforçou o discurso entre os aliados de Marina de que a presidenciável pode chegar ao segundo turno. A avaliação é que, por seu passado petista, Marina tem mais chance de herdar os votos dos eleitores de Dilma decepcionados com as denúncias de irregularidades na Casa Civil envolvendo sua sucessora no cargo, Erenice Guerra.

- Marina tem uma penetração na base social popular do Lula que o Serra não tem - opinou João Paulo Capobianco, coordenador da campanha.

Para o vereador Alfredo Sirkis, presidente do PV do Rio, Marina está conquistando os votos da classe média petista.

- Ela pode ser beneficiária de um tipo de voto útil por estar mais apta para enfrentar a Dilma no segundo turno.

Mas os verdes não atribuem a subida apenas à divulgação de escândalos na Casa Civil.

- Nossa subida tem ver a com a aproximação e com aumento do interesse pela eleição - afirmou Capobianco.

Sirkis admite que apenas o voto de classe média não será suficiente para Marina ir ao segundo turno. No segmento de renda familiar de até dois salários mínimos, Marina tem o seu pior desempenho, segundo o Datafolha: apenas 9%.

- A gente precisa chegar ao eleitorado mais pobre.

Mas Capobianco acredita que a tendência de voto da classe média pode se espalhar para os mais pobres. Sirkis acrescenta que pode estar havendo um fenômeno de "voto oculto", em que uma parcela do eleitorado, beneficiária de programas sociais do governo, tem receio de manifestar-se contra Dilma nas pesquisas.

Os aliados de Marina usam a sequência de resultados das pesquisas para dizer que "uma onda verde" está em formação. No levantamento do Datafolha de 23 e 24 de agosto, ela tinha 9%. Parte do crescimento está relacionada à cidade ao Rio, onde ela passou de 19% para 24% e ultrapassou Serra, que tem 21%, na segunda colocação, e esse é um motivo de otimismo. No estado do Rio, o tucano tem 23% e Marina, 22%.

- O Rio é um dos lugares antecipadores de tendências, por causa da maior politização da população. A gente percebe claramente que se avoluma uma onda verde, parecida com a que aconteceu na última semana da eleição (para prefeito) de 2008, que fez o (Fernando) Gabeira subir de quarto para segundo lugar. Potencialmente, essa onda pode levar a Marina para o segundo turno. Não estou dizendo que vai, mas há essa chance - disse Sirkis. (Colaborou Tauana Schmidt).

* Especial para O GLOBO