Título: O que as mulheres querem?
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 29/09/2010, O País, p. 4

Para feministas, eleitorado está de olho nas propostas

Em menos de uma semana, entre os dias 21 e 27 deste mês, a petista Dilma Rousseff perdeu, segundo o Datafolha, cinco pontos entre as mulheres. Ela tinha 47%, na pesquisa feita entre os dias 21 e 22, e apareceu ontem com 42%. Marina Silva, do PV, no mesmo período, subiu um ponto percentual e está com 15%. Já José Serra, do PSDB, ganhou dois: foi de 28% para 30%. Desde o Datafolha do dia 20 de agosto, Dilma aparece na frente dos adversários quando o assunto é o voto feminino, e 42% é a menor marca desde então. Para a escritora Rosiska Darcy de Oliveira, a queda da petista e a subida de apenas um ponto de Marina não significam que as mulheres têm receio de votar em mulheres:

- Não creio que a desconfiança ainda vigore. Acredito que decidam votar a partir das propostas voltadas para elas. Se um candidato fala, por exemplo, sobre creches, essa é uma demanda da população feminina e pode gerar votos.

Sócia fundadora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFemea), Gilda Cabral concorda com Rosiska. Para ela, o eleitorado feminino está preocupado com ações políticas que o beneficie, além de ter mais informação, o que pode ter contribuído para a queda de Dilma:

- Não tem mais essa história de que mulher não vota em mulher. Mas estar mais bem informada, sabendo, por exemplo, sobre o escândalo da Erenice Guerra (ex-ministra da Casa Civil), pode ter feito algumas ficar indecisa.

Para Rose Marie Muraro, patrona do feminismo brasileiro, as candidatas devem evitar dizer que são melhores porque são mulheres:

- Podem dizer que querem a solidariedade das mulheres, e não devem esconder que são mães e donas de casa. Isso só aproxima.