Título: Polêmica teria tirado Dilma de palanque no Pará
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 26/09/2010, O País, p. 13

No Sul, Yeda divide apoio de Serra com adversário do PMDB BRASÍLIA. Começou com denúncias de nepotismo. Ana Júlia Carepa nomeou para cargos de confiança no governo irmãos e outros parentes, sua manicure, a cabeleireira, um namorado e, por fim, como assessora especial, a performer Élida Braz, conhecida como DJ Saynha e famosa na noite de Belém pelos shows sensuais.

Um dos casos mais rumorosos foi um convênio entre o governo do estado e o Aeroclube do Pará, no valor de R$ 3,7 milhões, para um curso de formação de 14 pilotos de helicóptero.

O presidente do aeroclube na época era Mario Fernando Costa, então namorado da governadora.

Mas os adversários dizem que o que povo não perdoa mesmo foi o estado perder para o Amazonas a sede da Copa do Mundo de 2014 no Norte.

No programa eleitoral, ela repete que não conseguiu avançar na disputa pela sede do Mundial porque não herdou uma Suíça e passou quatro anos arrumando a casa. De tanto ela falar isso, o tucano Jatene não perdoou: chama a governadora de diarista. Ana Júlia atribui esse comportamento a preconceito.

Sou a primeira mulher a governar o Pará e, como me inspiro nas guerreiras do meu estado, não me assusto com nenhuma tentativa de intimidação, de preconceito, de baixaria reage.

A grande chance de embarcar na onda vermelha seria com a ida de Dilma num comício seu. O único marcado foi oportunamente cancelado, segundo a campanha de Dilma porque ela machucou o pé. O que não a impediu de ir a outros estados.

Desvio de verbas e espionagem entre acusações No Rio Grande do Sul, os próprios aliados de Yeda creditam aos escândalos sucessivos e problemas com setores da administração pública a dificuldade na busca do segundo mandato.

Ministra do Planejamento do governo Itamar, ela teria conseguido, segundo os mesmos aliados, o que nenhum governador alcançou, que foi o déficit zero.

Mas esse sucesso foi encoberto pelas denúncias de compra de uma casa com dinheiro de caixa dois de campanha o que motivou um pedido de impeachment , desvio de verbas do Banrisul para publicidade oficial e envolvimento de auxiliares num esquema de espionagem.

Para piorar, quando o candidato tucano José Serra vai ao estado, pede votos para Yeda, mas também para seu adversário direito, o peemedebista José Fogaça, em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Tarso Genro.

Além dos ataques petistas, a tucana é nocauteada seguidamente na campanha do PSOL, comandada pela deputada Luciana Genro, filha de Tarso.

Yeda acertou administrativamente, mas teve muitos problemas na área política. Acertou no mais difícil e errou no mais fácil avalia a jornalista Ana Amélia Lemos, fenômeno na disputa pelo Senado pelo PP, aliado de Yeda. (M.L.)