Título: Anac terá selo para atestar conforto das poltronas dos aviões em março
Autor: Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 25/09/2010, Economia, p. 37

Empresas serão obrigadas a informar distância dos assentos ao consumidor

A partir de março de 2011, as companhias aéreas brasileiras serão obrigadas a informar ao consumidor a distância entre as poltronas de seus aviões. O dado será exposto em uma etiqueta fixada no encosto dos assentos e também terá de ser informado ao passageiro no momento da compra do bilhete. A etiqueta seguirá uma nova classificação que está sendo criada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) com o objetivo de atestar o nível de conforto da viagem. O prazo para que as empresas enviem ao órgão as informações que servirão de base para a criação das categorias acaba no próximo dia 30, como noticiou Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO. Até agora, apenas Gol, TAM, Azul, Pantanal e Puma Air encaminharam os dados à agência.

Todas as empresas que operam voos regulares com aviões acima de 20 assentos terão de exibir a Etiqueta Anac. Serão cinco faixas de classificação: A (mais de 73 cm entre as poltronas); B (de 71 cm a 73 cm), C (de 69 cm a 71 cm), D (de 67 cm a 69 cm) e E (menos de 67 cm). Os aviões enquadrados na categoria A também receberão o Selo Anac, que atesta o melhor espaço útil oferecido no mercado.

Por essa classificação, Gol e Azul, por exemplo, informam que teriam nota A. A Gol divulgou que em seus voos domésticos usa aviões com espaços de 76,2 cm a 81,28 cm. Já a Azul opera os jatos 190 e 195 da Embraer, com intervalos de 79 cm. A TAM divulgou nota dizendo que "cumpre todas as normas vigentes", mas não revelou o espaço entre as poltronas de suas aeronaves. Limitou-se a informar que opera os aviões da Airbus 319, 320 e 321. Segundo o site da Airbus, há três configurações para esses modelos. Na configuração de alta densidade, o espaço entre os assentos varia de 71,12 cm a 78,7 cm. Neste caso, a companhia poderia ter aviões com nota B.

A criação da Etiqueta Anac não implicará mudanças nas distâncias entre as poltronas. A legislação brasileira não estabelece um limite mínimo para esse espaço. Prevê apenas que o avião, mesmo lotado, tem de ser esvaziado em até 90 segundos em caso de emergência. Se o intervalo entre os assentos for estreito, mas a aeronave passar no teste, não há problemas. O critério, portanto, não é conforto, e sim segurança. Todos os aviões são submetidos a esse teste antes de entrarem em operação, segundo a Anac.

Medição valerá apenas para classe econômica

A medição das distâncias vale para a classe econômica e é feita entre a almofada de apoio para as costas de um assento e a do encosto do assento anterior ou de outra estrutura fixa na frente. Para a definição das faixas da etiqueta, a Anac tomou por base a medição realizada em 5,3 mil passageiros, de 15 a 87 anos, nos 20 principais aeroportos brasileiros. Na média, a medida glúteo-joelho dos passageiros no Brasil varia entre 55 cm e 65 cm.

O problema é que nem todos se enquadram nesse padrão. Com 1,96 m de altura, o professor de educação física Leonardo Duarte, de 37 anos, é um dos que sofrem com o espaço apertado entre os assentos. Duarte sempre chega com antecedência ao aeroporto para tentar um lugar na primeira fileira do avião ou no corredor da saída de emergência, onde as distâncias são maiores.

- Ainda assim, viajo de pernas abertas. Se não faço isso, simplesmente não caibo na poltrona - diz ele, que ontem viajou do Rio para Florianópolis com a mulher Aline e o filho Felipe, de sete meses.