Título: Lula: Temos orgulho do nosso passado
Autor: Suwwan, Leila; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 28/09/2010, O País, p. 11

Petista diz que, de radical, virou político maduro. E apela: "Não se esqueçam, pelo amor de Deus, de levar documento com foto"

SÃO PAULO. Na reta final da campanha, o PT saiu da defensiva sobre o passado de militante de esquerda da candidata Dilma Rousseff e partiu para o ataque.

Em comício ontem no Sambódromo de São Paulo, o presidente Lula afirmou que Dilma não deve se preocupar com as críticas ao passado e afirmou ter orgulho de seu próprio radicalismo como sindicalista: Se tem uma coisa de que temos orgulho, é do nosso passado.

Podem dizer que me prenderam, podem dizer que eu era grevista, que eu era radical. Nada disso me envergonha. Eu tenho orgulho de ter aprendido com o radicalismo dos anos 70, anos 80, 90 para virar o dirigente político maduro que nós viramos.

Além de festejar o passado de Dilma, Lula afirmou que sua eventual vitória seria uma conquista dos que morreram sob o regime militar: Não é apenas eleger uma mulher, é eleger uma companheira que tem uma história.

Que sabe os dissabores e os amargores de ter lutado contra o regime autoritário para poder garantir o dia de hoje. É verdade que essa moça aos 20 anos de idade foi para a luta tentar conquistar a democracia nos anos 70. A luta deles, daqueles que morreram lutando por democracia, será consagrada dia 3, com a eleição de Dilma presidente.

Dilma: O amor vai derrotar o medo e o ódio Antes de Lula, o senador Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo de São Paulo que chegou a dançar com Dilma no palco , já havia começado o comício mencionando as críticas ao passado da ex-ministra, que foi da VAR Palmares e do Colina, ficando mais de dois anos presa. Candidato a senador pelo PCdoB, o vereador e cantor Netinho de Paula, que chama o presidente de Mano Lula, criticou os adversários: Enquanto eles ficam raivosos, a nossa Dilma vai subindo.

Prometendo erradicar a miséria, Dilma voltou a comparar a eleição de 2010 com a de 2002, quando o slogan do PT foi A esperança vai vencer o medo: Sabemos do medo que tentaram implantar lá em 2002.

Agora temos nas mãos não só a esperança, mas a prova do amor do presidente Lula e do nosso governo pelo Brasil. Esse amor que vai derrotar o medo e o ódio que tentam fazer como a característica principal desta eleição.

Sob forte de chuva, os militantes petistas ocuparam a arquibancada central e os camarotes do Sambódromo. Apesar da euforia com as pesquisas que apontam para possível vitória da ex-ministra no primeiro turno, Lula não se deixou levar pelo clima de já ganhou. Tratou de pedir, pelo amor de Deus, que os eleitores não esquecessem o documento de identidade para votar.

Esta é uma nova regra eleitoral.

A preocupação dos petistas é com a desinformação sobre a novidade por parte das camadas mais pobres do país, que fazem a base eleitoral da petista.

Não se esqueçam, pelo amor de Deus, de levar um documento com fotografia para votar alertou Lula.

Em entrevista coletiva, Dilma criticou a nova regra: Quando criam certas regras, isso pode prejudicar parcelas da população, como por exemplo o indígena, que pode ter esse problema de levar a (cédula) identidade disse Dilma, para quem quanto menos barreira tiver, melhor.

No discurso, Lula se pautou pela capitalização da Petrobras, afirmando que foi a maior capitalização do capitalismo. Seu bordão nunca antes na História do Brasil ganhou dimensões planetárias: A maior capitalização que a Humanidade tem conhecimento, nunca feita antes na História do planeta, aconteceu no Brasil.

Lula admitiu que está ficando com o ego inflado, mas, ao ver uma imensa faixa de agradecimento ao seu governo, afirmou: Estou um pouco me sentindo, o ego está crescendo