Título: Serra sugere mudar aposentadoria de servidor
Autor: Amorim, Silvia; Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 30/09/2010, O País, p. 13

Candidato do PSDB diz ser favorável à mudança na idade e a benefício integral para novos funcionários públicos

Silvia Amorim, Flávio Freire e Adauri Antunes Barbosa

SÃO PAULO e BARUERI (SP). O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem ser favorável a uma mudança na idade para a aposentadoria do funcionalismo público, desde que para os novos servidores que passem a entrar na carreira.

Em um encontro com entidades representativas de funcionários públicos, como delegados da Polícia Federal, fiscais de renda e advogados da União, o presidenciável defendeu também o direito à aposentadoria integral para os servidores.

Toda a questão da Previdência, eu quero refazer no Brasil de maneira realista, que funcione. Eu prefiro mexer muito mais na idade do que na remuneração afirmou o tucano, ao ser perguntado sobre a integralidade da remuneração para o funcionalismo.

Propostas foram apenas ênfase, diz tucano Mais tarde, o candidato explicou que a proposta de alteração no critério da idade mínima não se trata de uma ideia fechada, mas de algo a ser discutido com as entidades e o Congresso.

Foram apenas ênfase, porque eu sou favorável à aposentadoria integral para o funcionário público. Eu não estabeleci nenhum critério. Isso é uma coisa para discussão.

Desde a reforma da Previdência de 2003, a aposentadoria integral automática para os servidores foi extinta. Só tem direito ao benefício os funcionários que ingressaram no setor público antes da nova legislação.

Serra não entrou em detalhes sobre como pretende custear a medida, caso seja eleito.

O tucano também não mencionou o impacto que representaria para os cofres da União o retorno da aposentadoria integral automática. Serra já fez nesta campanha outras promessas que trariam reflexos diretos no aumento de gastos do governo, como o reajuste do salário mínimo para R$ 600 e o pagamento de 13º para os beneficiários do Bolsa Família, sem mencionar de onde viriam os recursos para viabilizá-las.

A possibilidade de o servidor se aposentar com o salário integral atualmente seria com a participação em um fundo complementar.

Serra criticou o modelo, criado no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para os funcionários públicos.

Não funcionou. Ficou pendente de uma regulamentação.

Temos que examinar isso e fazer uma coisa construtiva, um diálogo com as entidades do funcionalismo e o Congresso Nacional.

Segundo ele, a criação do fundo instalou uma situação de insegurança.

Não se caminhou para algo concreto disse.

Para cerca de 50 representantes de entidades do funcionalismo, o presidenciável fez um discurso duro sobre o aparelhamento de estatais e de agências reguladoras. Ele prometeu priorizar a contratação de funcionários por concursos públicos e negou que tenha planos de novas privatizações.

Em relação à reforma tributária, Serra voltou a afirmar que tem mais credenciais do que a adversária Dilma Rousseff (PT) para fazer as mudanças necessárias: Se vocês chegarem para (conversar com) a Dilma, tirando trivialidades, não sobra nada.

Campanha no 1º turno termina na Mooca À noite, Serra foi a Barueri, na região metropolitana de São Paulo, para o último comício do primeiro turno, e, mais tarde, encerrou sua campanha em um clube na Mooca, bairro onde nasceu. Em Barueri, ele disse que a campanha no segundo turno será mais fácil porque líderes estaduais, como o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, candidato ao Senado, poderão se empenhar.

Com ele vindo para a campanha, fica mais fácil, porque o Aécio esteve na campanha dele, cada um esteve em sua campanha, em seu lugar. No momento em que você não tem mais eleições estaduais, há outra dinâmica disse o candidato tucano, depois do comício.

Na Mooca, Serra voltou a fazer um apelo pela unidade do partido em torno de sua candidatura num segundo turno: Na segunda-feira, ninguém vai viajar. Descanso da campanha, só em novembro.

Serra defendeu em Barueri a liberdade de imprensa, quando foi perguntado se concordava com as críticas de que a mídia tem um candidato.

A imprensa faz o seu trabalho de mostrar o que está acontecendo.

Às vezes publica notícia errada, às vezes certa, mas é a imprensa livre. E tudo que a imprensa descobriu em termos de mensalão, aloprados, Casa Civil estava certo.