Título: Presidenciáveis se enfrentam hoje na Globo
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Fonte: O Globo, 30/09/2010, O País, p. 11

A três dias da eleição e com 2o- turno indefinido, TV exibe hoje encontro entre Dilma, Serra, Marina e Plínio

RIO, BRASÍLIA e SÃO PAULO. A três dias das eleições e com a indefinição sobre a possibilidade de um segundo turno diante dos números conflitantes dos institutos de pesquisa , a TV Globo realiza hoje no Rio o último debate entre os principais candidatos à Presidência, a partir das 22h30. Participarão Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).

A dinâmica do programa será semelhante à dos debates entre candidatos a governador realizados terça-feira pela emissora. Mediado pelo âncora e editor-chefe do Jornal Nacional, William Bonner, o programa terá cinco blocos. No primeiro e no terceiro, os candidatos deverão fazer perguntas entre si, mas com temas determinados e sorteados na hora.

armam suas estratégias No segundo e quarto blocos, os concorrentes poderão escolher o tema da pergunta livremente.

O quinto será dedicado às considerações finais.

Na abertura de cada bloco, Bonner vai sortear quem fará a primeira pergunta. Haverá um rodízio entre os candidatos para que o primeiro a perguntar seja o último do bloco a responder.

Cada candidato poderá convidar 25 pessoas para a plateia.

Os quatro presidenciáveis também poderão credenciar dez assessores, mas só dois poderão passar orientações durante os intervalos.

Ao término do programa, os candidatos darão uma entrevista coletiva de cinco minutos.

A ordem das entrevistas foi determinada por sorteio.

Dilma será a primeira a falar com a imprensa, seguida de Plínio de Arruda Sampaio, José Serra e Marina Silva.

O comando da campanha de Dilma avalia que o debate será um grande trunfo para evitar o segundo turno. Nos últimos dois dias, Dilma foi treinada para evitar provocações e rebater de forma mais serena os ataques. A expectativa é que ela seja atacada por Marina Silva e por Plínio. Ontem, a grande dúvida era em relação ao comportamento de Serra.

Hoje, Dilma passa o dia no Rio, se preparando para o debate.

Fará simulações de perguntas e respostas com o marqueteiro João Santana e a jornalista Olga Curado. Entre os novos ajustes para o debate, foi proposto que ela passe a acentuar uma linha de ação social com o claro compromisso de acabar com a miséria.

Outra preocupação da campanha é com a exploração do escândalo de tráfico de influência envolvendo ex-chefe da Casa Civil Erenice Guerra. O temor é com a associação direta com Dilma. Como uma espécie de escudo, Dilma foi aconselhada a explorar o fato de ter uma ficha limpa, em seus 25 anos de vida pública.

A coordenação de campanha também solicitou à TV Globo mudança no formato do programa por causa de dificuldade de locomoção de Dilma, que tem usado uma bota ortopédica para imobilizar o pé, depois de uma lesão. O formato original do debate prevê que eles possam andar pelo estúdio.

Serra deverá destacar propostas, avaliadas internamente pelo seu comando de campanha como trunfo para ganhar popularidade: salário mínimo de R$ 600 e aumento da aposentadoria.

E prende lembrar a ligação de Dilma com escândalos de quebra de sigilos fiscais de tucanos e as denúncias de tráfico de influência envolvendo Erenice.

No comitê tucano, a avaliação é que Serra não pode endossar o discurso bélico dos adversários. Uma das estratégias é jogar o assunto na roda sem que a pergunta seja feita diretamente por ele a Dilma, mas por Marina ou Plínio.

Marina manterá o discurso mais ofensivo na tentativa de surpreender um pouco mais e tentar alavancar a campanha na reta final.

O coordenador da candidatura verde, João Paulo Capobianco, negou que Marina tenha assumido uma posição mais combativa no último debate.

E disse que ela apenas fez o que os outros não fizeram: abordar um tema que interessa ao país.

No caso da Erenice, ela fez uma cobrança diante da instituição do problema. Ela não fez críticas para desclassificar ninguém, mas para chamar a atenção sobre a enorme gravidade da questão, o que faria se não fosse eleição. No debate, os dois líderes (das pesquisas) se evitaram. Alguém no debate tinha que colocar na mesa os problemas que estão acontecendo, já que os envolvidos se esquivaram.

Eu não sei se rendeu mais apoio popular, porque ela já vinha conquistando apoio recentemente disse Capobianco.

Ela não fará nada diferente do que já fez. Se a Dilma sentir a necessidade de mudar sua postura, a Marina continuará com sua postura muito firme, mas sem ataques pessoais afirmou o assessor Basileu Alves.

Hoje Marina não terá nenhum evento público, pois pretende ficar o dia todo concentrada na preparação para o debate.