Título: Bancários fecham 4.895 agências e entram hoje no terceiro dia de greve
Autor: Gomes, Wagner; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 01/10/2010, Economia, p. 34

Segundo sindicato, mais da metade dos 470 mil funcionários aderiram no país

COM A GREVE, houve filas nos caixas eletrônicos no Centro do Rio

SÃO PAULO e RIO. Sem nova proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) sobre reajuste salarial, a greve dos bancários entra hoje no seu terceiro dia. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), informou que 4.895 agências permaneceram fechadas ontem em todos os estados e no Distrito Federal, mil a mais do que na terça-feira, primeiro dia de greve. Mais da metade dos 470 mil bancários de todo o país aderiram à greve, segundo a Contraf. A Fenaban ainda não divulgou a sua projeção.

Os trabalhadores reivindicam aumento de 11%, reajuste no piso salarial, participação nos lucros e resultados e abono. Os bancos ofereceram a reposição da inflação, de 4,29% pelo INPC, mas não garantiram aumento real. A Contraf divulgou ontem um "comunicado dos bancários à sociedade brasileira" dizendo que os bancos empurram os trabalhadores para a greve.

- Essa intransigência é incompatível com a situação privilegiada dos bancos e fez a greve aumentar no segundo dia - Carlos Cordeiro, presidente da Contraf.

No Rio, movimento cresce nas casas lotéricas

Em São Paulo, mais de 800 bancários fizeram uma passeata no fim da tarde ontem. Eles se concentraram na Praça do Patriarca e caminharam por mais de uma hora pelas principais ruas da região central. De acordo com o sindicato, 28 mil trabalhadores aderiram à greve em São Paulo. Os trabalhadores fecharam 649 agências e 14 centros administrativos.

No Rio, a adesão à greve aumentou. Dos 21 mil bancários da capital fluminense, 15.750 cruzaram os braços, quase três mil a mais em relação ao primeiro dia. Das cerca de 930 agências, entre bancos privados, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, 697 fecharam. Apenas os caixas eletrônicos funcionaram e, por isso, apresentaram filas maiores. Casas lotéricas, que funcionam como correspondentes bancários, tiveram maior movimento. Uma audiência ocorrerá hoje à tarde no Tribunal Regional do Trabalho do Rio para estabelecer regras que bancários e banqueiros deverão seguir durante a greve.

- A greve fica mais forte a cada dia - afirmou Paulo Cesar Barros, diretor do sindicato no Rio.

O sindicato reclama do número considerado abusivo de interdito proibitório utilizado pelos bancos para garantir a entrada de funcionários que queiram trabalhar. No Paraná, o juiz da Vara do Trabalho de Arapongas, negou pedidos de interditos proibitórios nos bancos. Em Alagoas, o sindicato de Maceió acusou o gerente de um banco privado de truculência ao tentar impedir a greve.

Em Salvador, 90% das agências de Caixa Econômica, Banco do Brasil e BNB paralisaram as atividades, segundo o sindicato local. Na avenida Sete de Setembro e no Comércio, todos os bancos permaneceram sem atendimento ao público. Agências de bancos públicos em Itapuã, Baixa dos Sapateiros, Ondina, Barra, Sete Portas e Costa Azul também ficaram fechadas. A greve ganhou força no interior. Em Camaçari, Barreiras e Juazeiro todas as agências fecharam.