Título: Caso Erenice: CGU vê fraude em contrato
Autor: Weber, Demétrio; Souza, André de
Fonte: O Globo, 01/10/2010, O País, p. 9

Auditoria que apura tráfico de influência aponta irregularidades na escolha da Fundação Universidade de Brasília

BRASÍLIA. A Controladoria-Geral da União (CGU), órgão do governo federal, constatou indícios de irregularidades em contrato de R$2,1 milhões do Ministério das Cidades com a Fundação Universidade de Brasília. Ainda incompleta, a investigação faz parte de nove auditorias iniciadas pela CGU este mês para apurar eventuais fraudes em contratos e licitações nas denúncias de tráfico de influência que derrubaram a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.

Ontem, a CGU divulgou que quatro auditorias foram concluídas sem identificação de ilegalidades. A análise do contrato da empresa MTA, que teria conseguido licença da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para prestar serviços aos Correios após fazer pagamentos a um dos filhos de Erenice, só será concluída após as eleições.

O contrato sob suspeita no Ministério das Cidades era de elaboração de planos para melhorar a mobilidade em áreas metropolitanas. Para a CGU, os indícios dizem respeito à escolha da Fundação Universidade de Brasília, nome jurídico da Universidade de Brasília (UnB), e ao fato de que o produto entregue pela universidade não seria o que o ministério buscava.

Um irmão de Erenice, José Euricélio Alves de Carvalho, trabalhou na Editora da UnB e na Secretaria Nacional de Transportes e Mobilidade Urbana do ministério, responsável pelo contrato. Euricélio foi alvo de outra investigação da CGU, que o identificou como um dos responsáveis pelo pagamento de R$5,8 milhões a servidores terceirizados da Fundação.

De 2005 a julho de 2006, ele trabalhou na Editora da UnB, de onde saiu no mesmo mês para atuar na Semob, em cargo comissionado. Em agosto de 2007, retornou para a editora. O contrato com a Semob foi firmado em dezembro de 2007. O Ministério das Cidades diz que o serviço atendeu à demanda e que o irmão de Erenice não trabalhava mais na secretaria quando o contrato foi assinado.