Título: PF decide cruzar os braços
Autor: Sallum, Samanta
Fonte: Correio Braziliense, 07/07/2009, Política, p. 5

Delegados, agentes e peritos paralisam as atividades na próxima terça pelo fim da terceira classe e a aprovação da lei orgânica

Categoria pleiteia celeridade na tramitação da lei orgânica no Congresso Nacional

Os delegados da Polícia Federal em Brasília e em nove estados, entre eles Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e Mato Grosso, decidiram participar de ato público nacional com paralisação, na próxima terça-feira (14). Ele ocorrerá nas superintendências, delegacias, postos e demais unidades do departamento. A decisão foi aprovada em assembleia na noite de sexta-feira e referendada pela Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF).

¿Até o dia 14, as outras diretorias regionais da ADPF vão realizar assembleias e serão feitos entendimentos com as demais categorias, a fim de promover um movimento conjunto pela celeridade na tramitação da lei orgânica da Polícia Federal e pela solução definitiva da questão dos policiais da terceira classe na forma realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal¿, disse o delegado Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, presidente da Comissão de Prerrogativas da ADPF.

Os agentes e peritos também estão realizando assembleias. ¿Aqui em Brasília, é certo que vamos paralisar as atividades¿, adianta o presidente do Sindicato dos Agentes da PF (Sindipol), Luís Cláudio Avelar. Eles se reúnem na quinta-feira para referendar a decisão. O descontentamento e a criação de uma pauta única entre agentes, delegados e peritos da Polícia Federal, fenômeno raro na instituição, surgiram a partir da falta de resposta do Ministério da Justiça sobre a situação dos policiais federais na terceira classe e diante da morosidade no encaminhamento da lei orgânica da corporação ao Congresso. Cerca de 40% do efetivo da PF, hoje, é de policiais (delegados, agentes e peritos) que se encontram na terceira classe. São quase 4 mil servidores. Eles se sentem rebaixados. Muitos fizeram concurso para a chamada segunda classe, mas, na hora de tomar posse, foram enquadrados na terceira, criada pelo governo federal a partir de 2004, com remuneração mais baixa. ¿É um absurdo. Essas pessoas fizeram concurso para uma situação e se viram em outra¿, critica Claudio Avelar.

Os policiais federais querem a solução nos moldes feitos pela Polícia Civil do DF, que extinguiu o cargo de terceira classe, ascendendo os que estavam nessa situação para a segunda classe, o que representou ganho salarial. Há dois meses, representantes classistas dos delegados, agentes e peritos assinaram juntos e entregaram ao ministro da Justiça, Tarso Genro, nota técnica pedindo a solução para o assunto. ¿Não se pode ter dois pesos e duas medidas. O mesmo governo federal autorizou o GDF a acabar com a terceira classe. Os policiais federais merecem o mesmo tratamento¿, defende o presidente do Sindipol. ¿A falta de atenção do governo para as questões da Polícia Federal, especialmente a situação dos policiais de terceira classe, está empurrando a corporação para uma paralisação. Não é bom levar os servidores ao limite da indignação¿, reforça o presidente da ADPF, delegado Sandro Avelar. A reportagem tentou ouvir o Ministério da Justiça, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

O número 40% do efetivo da PF, hoje, é de policiais que se encontram na terceira classe. São quase 4 mil servidores ganhando menos que os colegas