Título: No Paraná, uma disputa voto a voto
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 03/10/2010, O País, p. 38
Cai censura a pesquisas e números mostram empate entre Richa e Dias
Enviada especial
CURITIBA. Após dez dias de censura às pesquisas eleitorais, imposta pela Justiça Eleitoral a pedido do PSDB, o Ibope mostrou que a disputa pelo governo do Paraná está empatada.
Os ex-aliados Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT) teriam, segundo a pesquisa divulgada ontem, 45% dos votos cada um. Os números indicam que haverá necessidade de segundo turno.
Os votos nulos e em branco somariam 3%, indecisos, 5%, e os candidatos Paulo Salamuni (PV) e Luís Felipe Bergmann (PSOL) teriam, cada um, 1% dos votos. A pesquisa foi feita entre 30 de setembro e 2 de outubro, com 2.002 entrevistados em 77 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
A pesquisa foi liberada por uma liminar do ministro Marco Aurélio Mello, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acatando recurso do Ibope. Até sexta-feira, Richa tinha proibido a divulgação de todas as pesquisas de intenção de voto no Paraná. O PSDB alega erro na coleta de dados, mas os adversários diziam que era medo da derrota, porque Richa estava caindo. Na pesquisa Ibope divulgada dia 11 de setembro, Richa liderava com nove pontos de vantagem.
A disputa pelo governo do Paraná pôs em lados opostos dois candidatos que até junho eram aliados. Nas últimas três eleições, Dias e Richa eram da mesma coligação, mas este ano brigam pelos votos dos 7,6 milhões de eleitores. Para conquistar o direito de administrar um orçamento de R$ 27 bilhões anuais, vale tudo ¿ da troca de acusações até censura de pesquisas.
Com uma reeleição para o Senado praticamente garantida, Dias foi convencido pelo presidente Lula e pelo presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi (ministro do Trabalho), no último dia de prazo, a disputar o governo do estado. Com isso, estava garantido no Paraná um palanque forte para a presidenciável Dilma Rousseff. E também inviabilizou a candidatura do irmão de Osmar, o senador tucano Álvaro Dias, como vice do presidenciável José Serra.
Derrotar Richa ¿ um tucano desde as origens, já que seu pai, José Richa, foi um dos fundadores do PSDB ¿ virou quase uma questão de honra para Lula. O presidente participou de quatro eventos de campanha com Dias, que reconhece a diferença que isso fez na sua campanha: ¿ Lula é o maior cabo eleitoral do país. Ele mudou a vida de muita gente. Sou candidato não pela minha vontade, mas por cobrança da sociedade e do presidente, que prometeu me apoiar.
E ele cumpriu a sua palavra.
Richa sentiu a força da mobilização do governo federal e agora, em suposta desvantagem, cobra coerência do antigo aliado. Segundo Richa, o pedetista esteve três vezes reunido com José Serra e prometeu integrar a chapa do PSDB, mas acabou se aliando a PT e PMDB.