Título: Candidato não quer o rótulo de franco atirador
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 03/10/2010, O País, p. 32

Plínio diz que jovens o surpreenderam ao apoiar sua campanha

SÃO PAULO. Na análise que faz da eleição, o candidato socialista aponta a ¿omissão da grande mídia¿ em relação à sua candidatura como um ponto negativo. Mesmo assim, diz que a situação mudou, embora não tenha gostado de ter sido chamado de ¿franco atirador¿: ¿ A grande mídia apresentou nossa candidatura de forma isolada. Fui chamado de franco atirador. De jeito nenhum posso concordar porque não é uma candidatura de uma pessoa isolada. Nossa luta tem 200 anos de história.

Aos 80 anos, Plínio surpreendeu pela vitalidade com que enfrentou a campanha. Fala da receptividade e das portas que se abriram para o PSOL com a campanha eleitoral. E confessa ter se surpreendido com a participação da juventude na campanha.

¿ A juventude teve uma participação extraordinária.

Surpreende porque fui um candidato com pouca exibição na imprensa.

Ele conta ter hoje 40 mil jovens no Twitter, que recebem suas mensagens: ¿ Ganhamos a juventude com franqueza e coerência. Hoje, aliás, é isso que ela cobra dos mais velhos: coerência.

Sobre seu temperamento, P l í n i o e x p l i c a a r a z ã o d o bom-humor: ¿ Nasci com ele. Herdei da minha mãe, uma gozadora de primeira. Acho que é importantíssimo à vida: a pessoa não ser arrogante, não se sentir melhor que os outros e ter coragem de levar as coisas com certa relatividade. O humor é uma relativização. Como sou um homem que só acredito em um absoluto, que é Deus, o resto para mim é tudo relativo.

Um defensor da reforma agrária desde os anos 60 Jurista com 65 anos de militância política, Plínio foi um dos fundadores do PT ao lado de Lula e de um grupo de intelectuais de esquerda ligado à Igreja Católica. Ele deixou o partido em 2005, em meio à crise do mensalão, para ser um dos fundadores do PSOL. Quando começou a campanha deste ano, sua proposta sobre a reforma agrária ¿ de limitar a posse de terra ¿ causou furor entre os fazendeiros e seus representantes ruralistas na política: ¿ Uma fazendona de 500 alqueires é um monstro. O dono tem todas as condições de ser um homem muito rico. Não há razão para alguém ter mais do que essa quantidade de terra.

A ligação com a reforma agrária tem 50 anos, o que leva Plínio a ser um dos maiores defensores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST): ¿ Tenho uma relação com a reforma agrária desde os anos 60. Fui o deputado que relatou o projeto do presidente João Goulart.

Apoio o MST totalmente.

Celso Furtado dizia que o MST é um movimento cívico comparado ao da abolição da escravidão.

Acho mais: se não fosse o MST, já teríamos guerrilha rural