Título: Chapa de Agnelo no DF tem ex-braço direito de Arruda
Autor: Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 03/10/2010, O País, p. 14

Petista conta com apoio de peemedebistas que estiveram ao lado de governador cassado do DF

BRASÍLIA. Favorito e em condição de vencer a eleição ainda no primeiro turno, o candidato do PT ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, terá, caso eleito, que dividir o poder com o grupo político que esteve ao lado do ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) até o maior esquema de corrupção da História da capital eclodir. A proximidade com o time de Arruda começa pelo peemedebista Tadeu Filippelli, o candidato a vice, ex-braço direito de Arruda.

Na reta final da campanha, a aliança com o PMDB se transformou na maior dor de cabeça de Agnelo. Tornou-se tema nos debates e só não teve impacto maior por causa da entrada de Weslian Roriz (PSC) na disputa.

Deputado federal, Filippelli é presidente licenciado do PMDB do DF. No governo Arruda, fez indicações na Novacap. O deputado foi citado num dos vídeos gravados pelo ex-secretário de Governo, Durval Barbosa, como suposto beneficiário do esquema.

Ele nega as acusações. Para Agnelo, a aproximação com o PMDB não é um problema, mas solução para governar com sustentação na Câmara Distrital.

¿ Essa grande união foi entorno de programa e de projetos para a cidade. Eu não tenho o menor problema com relação a isso. Esse é um compromisso com o povo e jamais vou trair esse compromisso ¿ afirmou.

Segundo um aliado de Agnelo, a aproximação com Filippelli foi uma escolha arriscada, e as consequências virão depois que o resultado das eleições para a Câmara Distrital for conhecido. Lá, ele contará com uma lista de fichas sujas, que seguem na disputa com recursos judiciais. Entre eles, o ex-secretário de Educação de Arruda, José Luiz Valente, os deputados distritais Benício Tavares e Rôney Nemer, e os aliados Benedito Domingues (PP) e Pedro do Ovo (PRP).

Outra presença na chapa de Agnelo é do ex-diretor do Senado Agaciel Maia (PTC), denunciado por improbidade administrativa, acusado de chefiar favorecimentos com publicação de atos secretos no Senado.

¿ Ceder (à corrupção) seria destruir a política no Distrito Federal depois de tudo isso que aconteceu ¿ reforça Agnelo.

Até Roriz usa e abusa das amizades de Agnelo para pedir votos para Weslian e dissemina a tese de que o adversário é apoiado por Arruda. Curiosamente, Filippelli foi da tropa de choque de Roriz no Congresso.

O único peemedebista a não aderir à chapa petista foi o governador Rogério Rosso, eleito pelos deputados para o mandato tampão, que seguiu recomendação de sua mulher, amiga de Weslian.