Título: Novo Congresso deve ser mais governista
Autor: Braga, Isabel; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 03/10/2010, O País, p. 11

PT e PMDB serão os dois maiores partidos, e oposição minguará na Câmara e no Senado, que terão pouca renovação

BRASÍLIA. Um Congresso mais governista, com figuras exóticas e candidatos-celebridade, e uma renovação abaixo da média histórica.

Essa é a expectativa de cientistas políticos que acompanham o cotidiano do Parlamento e a campanha deste ano. A tendência, segundo as pesquisas, é que os atuais partidos que integram a base aliada do governo Lula cresçam, com PT e PMDB se consolidando como os dois maiores partidos na Câmara e no Senado. A oposição, no conjunto, será menor.

Segundo Antonio Augusto Queiroz, do Departamento Intersindical de Atividade Parlamentar (Diap), nas eleições realizadas desde 1990 a média de renovação girou em torno de 50%. Na Câmara, porém, a estimava este ano é de que apenas 40% dos atuais 513 deputados sejam trocados. E no Senado a renovação também será menor, em relação às duas últimas eleições em que estiveram em jogo duas vagas, como agora: em 1994, apenas nove dos 54 senadores conseguiram se reeleger e em 2002, 14 dos 54.

¿ A estimativa é que entre 15 e 20 atuais senadores consigam se reeleger. Na Câmara, dos 406 deputados que concorrem à reeleição, entre 270 e 300 devem se reeleger. Esse alto índice de reeleição em relação aos pleitos anteriores se explica pelos custos de imagem e de campanha ¿ afirma Toninho do Diap, como ele é conhecido.

¿ Os atuais detentores de mandato possuem vantagens em relação aos demais, como nomes conhecidos, serviços prestados, têm direito a emenda no orçamento e podem apresentar isso ao eleitor.

O discurso do presidente Lula em favor de um Parlamento mais afinado com um eventual governo Dilma deu certo: na Câmara, o PT deverá fazer a maior bancada e brigará pela presidência da Casa, que está nas mãos do PMDB do vice de Dilma Rousseff, deputado Michel Temer (PMDB-SP). No Senado, os partidos da coligação de Lula também deverão ter maioria, de até 51 senadores. No caso das celebridades, a avaliação é que o fenômeno não é novo, bastando lembrar casos como o de Agnaldo Timóteo, Frank Aguiar e Clodovil, todos com atuação sem influência no debate das Casas.