Título: Base do governo aumenta no Senado
Autor: Alvarez, Regina; Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 04/10/2010, O País, p. 33

Aliados conquistam 40 das 54 cadeiras em disputa, chegando a uma ampla maioria, capaz de barrar pedidos de CPI

BRASÍLIA. Os partidos que apoiam o governo Lula ficaram com 40 das 54 vagas abertas no Senado nesta eleição, segundo a apuração divulgada ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que não inclui os candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa. A oposição conseguiu eleger apenas 11 senadores; outros três eleitos são considerados independentes. Com esse resultado, o bloco de partidos da base aliada de Lula e da candidata do PT, Dilma Rousseff, terá 55 senadores em 2011, uma ampla maioria capaz de brecar, por exemplo, qualquer pedido de instalação de CPI. Para aprovar uma CPI no Senado, são necessários 27 votos, um terço dos 81 que compõem a Casa.

Pelo quadro atual, o PMDB terá a maior bancada, passando de 17 para 20 senadores, seguido do PT, que sobe de oito para 15. O PSDB tinha 16 senadores e ficou com dez, ficando com a terceira maior bancada.

O DEM é o grande derrotado na disputa por cadeiras na Casa, pois tem hoje 13 senadores e ficará com sete.

Já na base, além de PMDB e PT, o PP amplia a participação: farão companhia à então bancada solitária de Francisco Dornelles (RJ) outros três senadores. O PV, com o fim do mandato da senadora e candidata à Presidência Marina Silva, deixa de ter representação no Senado.

Quadro ainda pode mudar

A decisão final sobre os candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa pode alterar esse quadro, ampliando ainda mais a base do atual governo. Cinco candidatos ao Senado que apareciam nas pesquisas com chances concretas de se eleger não tiveram os votos divulgados pelo TSE. Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT), do Pará, João Capiberibe (PSB) , do Amapá, Ivo Cassol (PP), de Rondônia, que são da base do governo Lula; e Cássio Cunha Lima (PSDB), da Paraíba, que é da oposição.

Os oposicionistas conseguiram eleger senadores em apenas oito estados, dos 27 da federação.

A base do atual governo, puxada pelo PT e pelo PMDB, ficou com as vagas nos demais.

Eleito, Serra teria dificuldades

Essa nova correlação de forças será crucial na relação com o Executivo no futuro governo.

Na hipótese de vitória da candidata do PT, a maioria folgada deve facilitar bastante a relação de Dilma com o Congresso. Nos oito anos do governo Lula, o presidente conviveu com uma base de apoio escassa no Senado, o que resultou em várias derrotas para o governo. O exemplo mais marcante é o fim da CPMF, o imposto sobre a movimentação financeira, que rendia aos cofres públicos R$ 40 bilhões por ano.

Em caso de vitória do candidato José Serra (PSDB), a situação no Senado ficaria bastante complicada, com a oposição em minoria. Mesmo computando os quatro independentes, a oposição não consegue somar um terço dos senadores.

Apenas em dois estados os dois senadores cujos mandatos se encerram se candidataram.

Em ambos os casos, eles conseguiram a reeleição.

Em Goiás, Demóstenes Torres (DEM) e Lúcia Vânia (PSDB) venceram a disputa com tranquilidade. No Rio Grande do Norte, saem vitoriosos Garibal di Alves (PMDB) e Agripino Maia (DEM).