Título: Vitória do grupo tucano põe o PT de Minas em pé de guerra
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 04/10/2010, O País, p. 21

Patrus Ananias e Fernando Pimentel trocam acusações em BH

BELO HORIZONTE. A vitória do grupo político ligado ao senador eleito ontem, Aécio Neves (PSDB), deixou em frangalhos a oposição aos tucanos em Minas e colocou em pé de guerra os dois principais dirigentes do PT no estado: o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.

Patrus responsabiliza Pimentel pela derrota Candidato ao Senado, Pimentel realizou uma campanha descolada dos colegas de chapa, a despeito dos pedidos do presidente Lula para que o grupo permanecesse unido no embate contra Aécio e seus aliados. A estratégia era não bater de frente com a popularidade do ex-governador tucano e garantir a segunda vaga ao Senado. Interlocutores de Pimentel defendiam a tese de que a eleição estava ganha para Anastasia e que restava investir na campanha do ex-prefeito de Belo Horizonte.

A apenas uma semana das eleições e com o aumento de Anastasia já constatado nas pesquisas de opinião, Patrus passou a responsabilizar o colega de partido pela derrota em Minas, ao reclamar publicamente da coligação informal entre Pimentel e Aécio em 2008, quando ambos apoiaram o candidato do PSB, Márcio Lacerda, à prefeitura da capital.

Ontem, Patrus voltou a alfinetar o colega de partido ao ser perguntado porque Pimentel não quis acompanhá-lo no ato de votação, como previa a agenda dos candidatos.

¿ Esta pergunta deve ser feita a ele ¿ respondeu, irritado.

Por sua vez, aliados de Pimentel dizem que consideram uma injustiça responsabilizar o ex-prefeito pela derrota do partido no âmbito estadual.

¿ É demais responsabilizar um candidato ao Senado pelo caso de uma derrota ao governo do estado ¿ a disse o coordenador de campanha de Pimentel, o deputado federal Miguel Corrêa Júnior (PT).

O destino político de Patrus Ananias ainda é uma incógnita.

Na sexta-feira, o ex-ministro descartou a hipótese de voltar ao Ministério do Desenvolvimento Social durante os últimos meses do governo Lula.

Já Hélio Costa pensa em voltar ao Ministério das Comunicações para exercer o cargo até o fim do ano, de acordo com sua principal conselheira, a esposa Ana Catarina Costa.

Depois da derrota de ontem, o candidato não quis dar entrevista.

Aliados consideram que, mesmo derrotado, Hélio sai com um patrimônio eleitoral considerável, de pouco mais de 3 milhões de votos.

Confiante na vitória de Dilma Rousseff à Presidência, mesmo que seja no segundo turno, Fernando Pimentel espera participar do governo da amiga e aliada, que militou ao seu lado contra a ditadura militar.

Embora considerem prematura a definição de um eventual governo Dilma, aliados do exprefeito da capital mineira citam o cargo no alto escalão do governo federal como um prêmio de consolação. Isso porque Pimentel abriu mão da disputa pelo governo de Minas para Hélio Costa ser candidato e garantir a aliança nacional entre PT e PMDB em torno da candidatura de Dilma Rousseff.

Hélio Costa e Patrus devem dar uma entrevista coletiva hoje, para analisar os resultados das eleições. Ontem, logo depois de votar, os dois criticaram a divulgação dos resultados de pesquisas eleitorais no sábado.

¿ Isso pode modificar o processo eleitoral¿ disse Costa.