Título: Aécio faz barba, cabelo e bigode em MG
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 04/10/2010, O País, p. 21

Tucano derrota PT e PMDB, se elege senador, reelege o governador Anastasia e garante vaga para Itamar

Enviada especial

BELO HORIZONTE. Após ter sido preterido pelo PSDB na disputa pela vaga de candidato à sucessão presidencial, o exgovernador de Minas Gerais Aécio Neves acabou assegurando à oposição uma das maiores vitórias na eleição deste ano. Com seu apoio, o governador tucano, Antonio Anastasia, conseguiu ser reeleito já no primeiro turno, com 62,72% dos votos. O senador e ex-ministro Hélio Costa (PMDB), apoiado pelo PT, terminou com 34,17%.

Com sua alta popularidade no segundo maior colégio eleitoral do país, Aécio garantiu sua vitória na disputa pelo Senado com 39,48% dos votos. E ainda ajudou o ex-presidente Itamar Franco, do PPS, aliado do tucano, a conseguir a segunda vaga no Senado, com 26,75% dos votos. O exprefeito petista Fernando Pimentel (PT) ficou em terceiro, com 23,98%.

Esse resultado confirma não apenas a força política de Aécio, como levou Anastasia ontem a cogitar publica mente a possibilidade de Aécio ser o próximo candidato do PSDB à Presidência.

¿ É fato que todos os mineiros gostariam de ver Aécio na Presidência.

Se não pôde ser agora, será nosso candidato à Presidência certamente no futuro. Aécio está preparado para ser presidente, pois ele tem os três principais ingredientes para ser um estadista completo: carisma, sensibilidade social e preocupação com a responsabilidade gerencial ¿ afirmou o governador.

Já Aécio é mais cauteloso ao falar do futuro e considera que ainda é cedo para tratar de 2014. Ele foge, inclusive, das especulações de que poderia ser até mesmo presidente do Senado, valendo-se de sua grande capacidade de articulação política e de seu bom trânsito entre diferentes legendas. Logo após votar ontem, em Belo Horizonte, o ex-governador limitou-se a agradecer o apoio recebido dos mineiros: ¿ Nada melhor para quem faz vida pública com seriedade do que o reconhecimento. Eu estou muito grato a todos os mineiros e quero, mais uma vez, externar esse agradecimento pela forma carinhosa, respeitosa e afetuosa com que fomos recebidos, Itamar, eu e Anastasia, por todo o estado de Minas Gerais.

Esperamos poder, sim, vencer essas eleições e devolver esse apoio, esse carinho com muito trabalho, com muita seriedade, honrando Minas Gerais. Portanto, hoje é um dia de reconhecimento, de agradecimento a todos os mineiros, e acho que fica, sim, uma lição para todos nós.

Nós esperamos que o resultado (destas eleições) confirme isso ¿ disse Aécio. ¿ Que, em Minas Gerais, quem decide o destino dos mineiros somos nós, mineiros.

Esse foi o mote da campanha de Anastasia, reforçado pela intervenção de Lula na eleição, tentando convencer os mineiros de que Costa seria melhor do que a continuidade tucana.

Anastasia reconheceu publicamente que deve a vitória a Aécio: ¿ Se não fosse o esforço extraordinário de Aécio, eu não teria ganhado.

Seu papel foi fundamental para que eu pudesse superar o desconhecimento por parte do eleitor.

Percorremos cerca de 40 mil quilômetros no estado, o que seria suficiente para dar uma volta em torno do globo terrestre.

Anastasia começou a campanha à reeleição com uma grande desvantagem em relação a seu principal adversário, Hélio Costa, que chegou a ter uma margem de quase 30 pontos percentuais. Essa diferença, porém, começou a cair rapidamente depois do início do horário eleitoral gratuito. Nem a ajuda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi acionado para tentar inverter esse quadro, impediu a virada do candidato do PSDB ao governo de Minas. Assim como Aécio não conseguiu impedir que a presidenciável petista Dilma Rousseff garantisse uma vantagem sobre o candidato tucano à Presidência, José Serra, no estado.

O ¿Dilmasia¿ acabou prevalecendo, assim como o ¿Lulécio¿ em 2002 e 2006. Mas Anastasia tentou justificar a repetição do fenômeno eleitoral: ¿ O grosso do Dilmasia surgiu de prefeitos do PMDB e do PT que aderiram à nossa campanha, e não o contrário.