Título: PMDB: apoio ao PT em aberto na BA
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 05/10/2010, O País, p. 22

Derrotados, Geddel e Borges foram preteridos por Lula no primeiro turno

Enviado especial

SALVADOR. Preteridos até agora na campanha pelo presidente Lula e pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, aliados do Planalto na Bahia preparam o troco no segundo turno.

Derrotados domingo, o exministro Geddel Vieira Lima (PMDB), candidato ao governo, e o senador César Borges (PR), que tentou a reeleição, deixam agora em aberto se vão manter apoio à petista. Queixando-se de isolamento na disputa, avisaram ontem que só vão tomar posição depois de conversar com seus partidos. PSDB e DEM contam com a neutralidade dos dois caciques para tentar reverter a forte votação de Dilma no estado e atrair os ¿magoados¿.

Geddel foi para Brasília ontem para reunir com líderes do PMDB. Deixou claro que a adesão à candidatura de Dilma no primeiro turno não é, necessariamente, extensiva ao segundo: ¿ Temos agora uma nova eleição. Essa decisão será tomada na reunião.

O ex-ministro ficou em terceiro nas eleições para o Palácio de Ondina, com pouco mais de um milhão de votos (15,5%), atrás de Paulo Souto (DEM), com 16%.

Reeleito, o governador Jaques Wagner (PT) teve 63,8% da preferência do eleitorado, após uma campanha em que apresentava Lula como figura siamesa. Após a derrota, Geddel responsabilizou o presidente: ¿ Não perdi a eleição para Wagner. Perdi para o Lula, quando veio à Bahia em função de um entendimento nacional, que, por uma série de razões, terminou não sendo cumprido. A partir daquele momento, evidentemente que o nosso discurso ficou dificultado.

Geddel rompeu com o petista para montar o segundo palanque de Dilma na Bahia. Sua expectativa era de que o Planalto mantivesse neutralidade na campanha, mas os dois gravaram declarações, participaram de comícios e atos políticos apenas da chapa do governador. A ex-ministra participou da convenção que lançou o peemedebista, afiançando sua candidatura.

Em visita a Salvador, no dia 21, afirmou que seu apoio claro, naquele momento, era a Wagner.

Depois disso, sumiu da propaganda do ex-ministro. Mas o apoio formal de Geddel foi mantido na reta final, até porque haveria dificuldade de mudar de posição perante o eleitor.

O senador César Borges, que largou na frente, perdeu para Lídice da Mata (PSB) e Walter Pinheiro (PT), da chapa de Wagner, com menos da metade dos votos que as pesquisas lhe atribuíam (13,5%). Ontem, criticou Dilma e Lula, adiantando que decidirá sobre o segundo turno após conversa com o presidente nacional do PR, Alfredo Nascimento.

Ele disse que conversará com qualquer partido. Perguntado se o eleitor não estranharia a mudança de lado, retruca: ¿ Estranho é a Dilma ter o PR como aliado e só pedir voto para o PT. Houve interferência eleições, o que desequilibrou as forças.

Uma das estratégias dos aliados de Serra é justamente ampliar o arco de alianças. O tucano teve 20,9% dos votos na Bahia, um terço de Dilma (62,6%) e mais que Marina (15,7%). Os tucanos contam com o ¿corpo mole¿ de Geddel e Souto, já que seria difícil um acordo formal.

¿ Devemos buscar não apenas a figura de Geddel e Souto, mas as bases dos dois, que estão muito sentidas ¿ afirma o deputado federal Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), reeleito ontem com a maior votação do estado (328 mil votos).