Título: Guerra contra Zoghbi
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 27/06/2009, Política, p. 3

Agaciel diz suspeitar de falsificação da sua assinatura em atos secretos da Casa. Ex-diretor de Recursos Humanos editava boletins

Por que iria nomear alguém para o gabinete de um senador que eu mal conhecia? Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado

Na briga para tentar resgatar a imagem enquanto servidor de carreira do Senado, o ex-diretor-geral Agaciel Maia vai travar uma guerra com o ex-diretor de Recursos Humanos da Casa João Carlos Zoghbi. Agaciel suspeita que houve falsificação da sua assinatura em atos secretos ¿ chamados de boletins suplementares ¿ divulgados recentemente. A primeira suspeita veio com a nomeação de Lia Raquel Monturil Vaz de Souza para o gabinete do senador Demostenes Torres (DEM-GO). A escolha da lotação foi atribuída ao ex-diretor-geral, mas Agaciel alega que nem estava em Brasília em 16 de fevereiro de 2007, quando a nomeação de Lia Raquel foi assinada. Lia é suspeita de ser uma funcionária fantasma da Casa.

Ele tem em mãos o e-ticket da TAM número 9572326557268, para mostrar que embarcou para Natal (RN). ¿Viajei na quinta-feira, dia 15. Não assinei esse ato. Eu tinha vaga na diretoria-geral naquela época. Por que iria nomear alguém para o gabinete de um senador que eu mal conhecia? Além disso, quando alguém vai para qualquer gabinete, toda a burocracia do gabinete fica sabendo. Não há como não saber¿, afirmou ele ao Correio.

Agaciel não acusa ninguém diretamente. Recusa-se a citar nomes. Diz que ¿isso caberá ao Senado investigar¿, dentro da perícia que ele solicitou em todos os atos. O histórico da movimentação de Lia Raquel no Senado, no entanto, disponível no Portal Transparência, mostra que outro personagem polêmico terá que responder sobre esse assunto. Ela sai da Secretaria de Recursos Humanos, onde estava João Carlos Zoghbi, que foi inclusive quem editou o boletim do Ato 2074 de 2007, que transfere Lia para o gabinete de Demostenes.

Em 1º de março, Lia sai do gabinete de Demostenes pelo Ato 2232 de 2007 e segue para o de Delcídio Amaral (PT-MS). Lá, assume o cargo de assistente parlamentar AP-3. No mesmo dia, Ricardo Araújo Zoghbi, filho do diretor de Recursos Humanos, tem uma alteração de cargo no gabinete de Delcídio. O boletim também foi editado por Zoghbi.

Hoje, o ex-diretor-geral e o ex-diretor de Recursos Humanos não se falam. Estão assim de desde o início da crise, quando Zoghbi declarou que Agaciel era dono do Senado. A briga agora, pelo visto, vai se transferir para a perícia em curso na montanha de atos que mostra o descontrole total que imperava no Senado.