Título: Serra afirma ser ambientalista convicto
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 06/10/2010, O País, p. 12

De olho nos votos do eleitorado de Marina, candidato tucano compara seu programa de governo ao do PV

SÃO PAULO. Na busca por apoio e votos de Marina Silva, candidata derrotada do PV no primeiro turno da eleição presidencial, o tucano José Serra fez ontem propaganda de seus projetos como prefeito e governador na área ambiental e ainda se declarou um político bastante próximo de questões de sustentabilidade, dizendo ser um ambientalista convicto.

Disse até que seu programa de governo muito se parece com o de Marina, que, segundo ele, lançou uma fonte de luz sobre o eleitor.

Depois de visitar obra de ampliação de uma avenida que liga São Paulo a Mauá, na região do ABC, criticada por moradores que reclamavam de rachaduras em casas e ruas das redondezas, Serra afirmou: Eu sou um ambientalista convicto, não só na teoria, mas na prática disse ele, que minutos depois fez uma ressalva em tom de ataque à adversária Dilma Rousseff, do PT. Eu não estou virando ambientalista de última hora, como não virei cristão de última hora. Não mudo de uma hora para outra de acordo com as conveniências eleitorais.

Sem resistir a perguntas sobre sua relação com o PV, o tucano disse conhecer bem as diretrizes do plano de governo do partido de Marina, os quais, segundo ele, são parecidos com boa parte dos itens que constam de seu próprio programa.

Serra chegou a dizer que tem um currículo muito bom em matéria ambiental fazendo, inclusive, defesa de um projeto mais bem elaborado para a construção da Usina de Belo Monte, no Pará. O projeto do governo federal é um dos mais atacados por ambientalistas.

O que o programa da Marina prevê sobre Belo Monte é muito parecido com o meu, que é fazer uma usina sem falhas ambientais.

Ao lado do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Serra voltou a afirmar que Marina foi importante para o processo democrático porque seus votos levaram o país a um segundo turno. Nessas próximas semanas, segundo ele, o eleitor poderá escolher, graças à votação expressiva da verde, entre um político conhecido e uma desconhecida, referindo-se à petista Dilma Rousseff.

Mostrando animação quanto ao segundo turno, Serra afirmou que as articulações para a próxima etapa eleitoral serão feitas de forma ampla, com partidos, políticos e pessoas de bem. Sobre a possibilidade de governar o país, se eleito, sem maioria no Congresso, o tucano declarou: Tenho experiência de formar maioria. Sempre tive maioria política para governar, e sem troca-troca, sem loteamento e com a corrupção de lado. Quando se tem nomeação política para cargos técnicos, isso abre caminho para a corrupção disse ele, acreditando que terá para o segundo turno uma aliança mais forte, organizada e unida do que teve até o momento.

Isso no Brasil nunca é assim"

Diante da insistência de jornalistas para discutir uma eventual falta de maioria no Congresso, o tucano disse ter facilidade nesse sentido por causa da afinidade dos parlamentares com seus projetos.

Isso no Brasil nunca é assim, e você tem sempre gente nos partidos com mais identidade com projetos como os nossos disse o candidato.