Título: PV paulista dividido entre apoiar Serra e seguir decisão de Marina
Autor: Ribeiro, Marcelle; Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 06/10/2010, O País, p. 15

Verdes dizem que parceria em SP tem sido boa para o partido e para o PSDB

SÃO PAULO. O relacionamento de vários anos entre o PV paulista e o PSDB pode significar uma tendência de, em São Paulo, os verdes decidirem pelo apoio ao candidato tucano à Presidência, José Serra, no segundo turno. No estado, o PV ajuda a compor a base aliada do governador Alberto Goldman (PSDB) na Assembleia Legislativa e do prefeito Gilberto Kassab (DEM) na Câmara de Vereadores.

Além disso, dois secretários de Kassab aliado de Serra são do PV: Marcos Belizário, secretário de Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, e Eduardo Jorge, secretário do Verde e Meio Ambiente.

Líder do PV na Assembleia, o deputado Edson Giriboni disse que a tendência do partido em SP é votar pelo apoio a Serra, pois acredita que a parceria com o PSDB foi boa.

Aqui em São Paulo, o PV fez parte da base de governo na Assembleia nestes quatro anos.

Foi uma parceria boa em termos de resultados tanto para o partido quanto para o governo.

Há uma tendência natural de continuar essa parceria disse Giriboni, que, se for convocado pelo PV para votar na convenção do partido, deve escolher Serra, por gratidão e por achar que ele é mais preparado.

Belizário, também integrante da Executiva Nacional do PV, é contrário à adoção de uma postura neutra pelo partido. Disse que pessoalmente tende a apoiar Serra, mas vai respeitar a decisão do partido. Segundo ele, apesar de haver uma tendência de apoio a Serra no estado, o partido é independente: Em São Paulo, o PV tinha uma secretaria estadual, a de Assistência Social, com a deputada Rita Passos e deixamos de ter, porque lançamos candidatura própria ao governo do estado, com o Fábio Feldmann. Isso demonstra as nossas liberdades.

Existe uma autonomia.

Com o Serra a gente convive, é mais fácil apoiar.

Belizário lembra que ele ajudou a costurar o apoio que o PV deu para Aloysio Nunes (PSDB) como segundo voto para o Senado, pois os verdes só tinham Ricardo Young como candidato oficial para o cargo. Também secretário de Kassab e integrante do PV, Eduardo Jorge evitou falar no assunto. Foi o próprio Serra que chamou Eduardo Jorge para a pasta, quando era prefeito. Kassab manteve o verde na secretaria.

O presidente do diretório municipal do PV em São Paulo, Carlos Camacho, já sinalizou, no sábado passado, que pode apoiar Serra. Ele compareceu a evento de encerramento da campanha do tucano na Avenida Paulista.

Fábio Feldmann, que concorreu ao governo de São Paulo pelo PV, e foi um dos fundadores do PSDB, afirma que vai seguir a decisão que Marina Silva adotar, apesar de ter raízes tucanas: Vou seguir o que a Marina vai seguir. Sou mais próximo do PSDB, mas acho que o que está em jogo é o PV, o capital que o PV conseguiu.

Presidente do PV, José Luiz Penna, que faz parte da base de apoio a Kassab na Câmara, diz que não revela a sua posição: A gente não deve ter opinião antes de ter uma ampla conversa.

O fato de fazer parte da gestão aliada de Serra não significa, na visão de Penna, que os verdes tenham que se manter ao lado dos tucanos: A conta com o Kassab é para trás. Para frente, nós não temos esse tipo de negociação.

Maurício Brusadin, presidente do PV no estado de São Paulo, defende que o partido fique neutro.

Brusadin é um dos dirigentes da legenda mais próximos de Marina e pode seguir a posição da candidata caso ela se defina por um dos candidatos.