Título: Weslian recorre ao teleprompter
Autor: Fabrini, Fábio; Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 06/10/2010, O País, p. 17

Mulher de Roriz treina intensamente para falar "de coração" no segundo turno e

BRASÍLIA. Sucesso na internet graças à sucessão de gafes em apenas seis dias de campanha, a candidata do PSC ao Governo do Distrito Federal, Weslian Roriz, abriu o segundo turno blindada pelos coordenadores de sua campanha e o marido, Joaquim Roriz (PSC), a quem substituiu. Depois de uma rápida entrevista domingo, em que repetiu frases sopradas pelo ex-governador, a candidata recusa-se a falar com jornalistas até por telefone.

Weslian diz que quer se preparar para a campanha nas próximas quatro semanas.

E seus interlocutores avisam: vai surpreender. De novo. No teste do teleprompter, equipamento de leitura diante das câmeras, repetiu apenas três vezes o discurso.

Está numa média boa diz um dos assessores.

Agora, o desafio é decorar os projetos do marido, para não ter que pepara que ele apenas empreste o nome ao recurso que apresentaria ao STF. O advogado propõe então R$ 1,5 milhão, mas para atuar na causa. Se a negociação tivesse sido levada adiante, Ayres teria de se declarar impedido no julgamento do recurso de Roriz. O julgamento, no final do mês passado, terminou em 5 a 5.

Ayres votou contra Roriz.

gar carona na fala dos adversários, dizendo que assina embaixo de todas as suas propostas, como no debate do SBT. E evitar pérolas como quero defender toda aquela corrupção, dita no debate da Rede Globo.

Embora seja vedete na web, Weslian recusa-se a mergulhar na blogosfera para preservar a privacidade. Não aderiu ao Twitter. E garante, via assessores, que fará um segundo turno com corpo a corpo, a começar por uma caminhada hoje em Vila Planalto, bairro dos chamados pioneiros de Brasília.

A despeito das primeiras experiências em entrevistas e debates, a coordenação da campanha promete deixála falar de improviso e com o coração.

Antes disso, porém, passará por um treino intensivo. A estratégia é reforçar seu caráter religioso, fazêla incorporar as promessas do marido e lembrar a participação que teve em seus quatro governos.

Weslian tornou-se conhecida por participar e dar palpites em reuniões do marido em sua mansão. E, entre a população mais carente, por tomar a frente dos programas assistencialistas de seus governos. Não por acaso, foi escolhida como substituta após o naufrágio da candidatura do ex-governador, barrado pela Lei da Ficha Limpa. Agora, tenta modelar uma identidade própria.

Sempre, é claro, sob a supervisão de Roriz, que já avisou: uma vez eleita, ele será o principal assessor. O ex-governador comanda as aparições públicas e ainda não se acostumou ao tratamento dado pelos jornalistas à mulher.

Não a chame de candidata! Chame de Dona Weslian reclamou a um repórter, durante a festa para comemorar o resultado do primeiro turno.

Na ocasião, Weslian falou pouco, antes de ser puxada pelo marido.

Agora, eu respondo por ela disse Roriz.

A lista de atribuições de Weslian inclui a presidência do Integra, instituto que promove projetos sociais como o que oferece cães-guia para cegos de Brasília. E a presidência de honra do Instituto Candango de Solidariedade (ICS), foco de ilegalidades na gestão do marido, segundo o Ministério Público.

Aos 67 anos, ela está há 50 com Roriz.

Casou-se aos 17, depois de um curto namoro iniciado num baile temático, no qual vestia trajes típicos do Japão. Roriz apaixonou-se por aquela japonesinha, como conta a amigos. Ela, que é de Goiânia, morava em Luziânia, nos arredores de Brasília.

Os pais eram ricos: criavam gado em terras que varavam o DF do Núcleo Bandeirante à Asa Norte, como diz uma peça de campanha. A família do ex-governador era dona de outra parte considerável da capital. A japonesinha de Roriz sempre o acompanhou nas filiações partidárias. Mas nunca se aventurou antes em eleições.

Sua campanha vai focar os bolsões de pobreza.