Título: Uma central de defesa no site
Autor: Braga, Isabel; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 08/10/2010, O País, p. 13

Campanha do PT agora nega posição pró-aborto e pede que militância denuncie calúnias

SÃO PAULO. A campanha de Dilma Rousseff inaugurou, em seu site, uma "central anti-boataria", na qual afirma que o PT jamais defendeu a descriminalização do aborto - o que contradiz, porém, a posição histórica do partido, firmada em documentos internos, e a atuação do governo Lula. Também diz que Dilma é "pessoalmente contra o aborto", mas omite que a petista já se declarou favorável até ao atendimento público de interrupção da gravidez indesejada. A iniciativa também estimula a militância a denunciar e-mails falsos à Polícia Federal e à Justiça Eleitoral.

Sob o título "Em nome da verdade", o site oficial da petista nega boatos, como o de que ela irá promover reforma da Previdência; que teria dito que "nem Jesus lhe tiraria a vitória"; e que estivesse proibida de ingressar nos Estados Unidos e outros países pela suposta participação no sequestro do embaixador Charles Elbrick nos anos 60. O site "Galera da Dilma" convoca a militância a difundir "a verdade".

Para desfazer a ligação entre Dilma e a descriminalização do aborto - hoje punido com um a três anos de detenção -, a campanha diz que o PT não é e jamais foi a favor do fim dessa penalidade. "O PT não defende e nunca defendeu o aborto. E não existe "programa do PT". O que existe é um documento com as diretrizes do 4º Congresso Nacional do PT, realizado em fevereiro deste ano. E este documento em nenhum momento fala em aborto ou interrupção da gestação", diz.

Na realidade, o 4º Congresso adotou tom diplomático. Nas diretrizes, consta defesa dos "direitos sexuais e reprodutivos das mulheres", além do "direito das mulheres de tomarem suas próprias decisões em assuntos que afetam o seu corpo e a sua saúde". No 3º Congresso, a resolução fora mais explícita: "defesa da autodeterminação das mulheres, descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público, evitando assim a gravidez não-desejada e a morte de centenas de mulheres".