Título: Collor se alia a Lessa contra tucanos de Alagoas
Autor: Rios, Odilon
Fonte: O Globo, 08/10/2010, O País, p. 13

Adversários desde 1986, os dois se juntam no palanque pró-Dilma e fecham acordo até 2014

LESSA E COLLOR (à esquerda) se abraçam: voto é "Dilma para presidente e Lessa para o governo"

MACEIÓ. Para vencer os tucanos de Alagoas, o senador Fernando Collor (PTB-AL), derrotado nas eleições ao governo do estado, uniu-se ao ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), juntando os dois palanques da candidata Dilma Rousseff (PT) no estado, que estava rachado, no primeiro turno, entre Lessa e Collor. Os dois são adversários políticos desde 1986.

Na sede do PTB, Collor e Lessa se abraçaram, trocaram sorrisos, e Lessa pôs um adesivo de campanha na camisa do senador. Falaram que o acordo entre ambos dura até 2014, quando Collor tentará se reeleger ao Senado e Lessa disputaria a reeleição ao governo.

- Não se esqueçam. O voto é Dilma para presidente e Lessa para o governo. Para recuperarmos a esperança no futuro - disse Collor, com críticas ao governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

- Este governo que está aí foi rejeitado por 60% da população - afirmou.

- É importante para a gente que a Dilma seja eleita - declarou Lessa, ao lado do deputado federal Francisco Tenório (PMN), derrotado nas urnas e respondendo a processo por assassinato, além de ter sido indiciado pela Polícia Federal em 2007 por desviar R$300 milhões da folha de pagamento da Assembleia Legislativa de Alagoas.

Collor elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que ele "fez um governo que nos deixa envaidecidos".

- O PT, tanto em nível nacional quanto local, em encontro realizado pela liderança nacional, em Brasília, sente-se honrado com seu apoio, presidente Collor e demais partidos que formam esta coligação - disse o presidente estadual do PT e candidato a vice na chapa de Lessa, Joaquim Brito, que garantiu o apoio ao Palácio do Planalto. - Lula virá, e Dilma também, a Alagoas quantas vezes forem necessárias.

Na coletiva, Collor falou sobre as críticas do candidato José Serra (PSDB) a Dilma, usando o nome do senador alagoano como forma de fragilizar a candidatura dela, e que devem ser repetidas no segundo turno:

- Como dizem os italianos, me ne frego (não me importa. Não tem importância. Sei agora dessas críticas. Não tive o desprazer de assistir ao candidato de oposição.

Mesmo antes do fim da eleição, o pedetista e o petebista falavam na criação de secretarias no futuro governo: a da Juventude e de Irrigação.

Collor e Lessa nunca se uniram nos palanques estaduais. Em 1986 disputaram o governo. Collor ganhou. Em 2002, na segunda eleição depois do impeachment (a primeira foi pela prefeitura de São Paulo), disputou com Lessa, quando ele era governador. Perdeu no segundo turno. Em 2006, ambos voltaram a se enfrentar, dessa vez na disputa pelo Senado. Lessa perdeu. Em 2010, novamente em palanques separados, disputaram o primeiro turno. Collor foi derrotado.

Especial para O GLOBO