Título: PF ouve coordenador de campanha de Dilma
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 07/10/2010, O País, p. 17

"Não sou investigado", diz advogado

BRASÍLIA. O advogado Márcio Silva, coordenador jurídico da campanha da candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff, disse ontem, em depoimento à Polícia Federal, que não sabia que uma das salas de seu escritório tinha sido usada por Israel Guerra, filho da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, para se reunir com o lobista Fábio Baracat. Silva disse que Israel acertou o uso da sala com seu sócio Fábio Carvalho. Fábio é tio de Israel. A PF investiga o suposto envolvimento de Israel e do ex-assessor da Casa Civil Vinícius Castro, entre outros, com tráfico de influência.

Eu não sabia que o escritório tinha sido usado. E se ele (Israel), filho de uma amiga, me pedisse para usar, não haveria problema nenhum disse Silva.

Israel é acusado de reunirse com Fábio Baracat para tratar da renovação de um contrato da Master Top Airlines, empresa de transporte aéreo de cargas, com os Correios. Israel teria sido contratado para ajudar a Master a obter uma licença na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e, a partir daí, renovar um dos contratos da empresa com os Correios. Baracat disse, em depoimento à PF, que pagou aproximadamente R$ 200 mil ao filho de Erenice.

O depoimento de Márcio durou cerca de meia hora. O delegado Roberval Vicalvi perguntou sobre o uso do escritório, e os vínculos de Silva com Israel, Vinícius Castro, Erenice e com Fábio Baracat.

Silva disse que nem ele nem qualquer outra pessoa da campanha de Dilma Rousseff têm vínculo com denúncias sobre tráfico de influência no governo.

Eu não sou investigado afirmou Silva.

Em depoimento na segundafeira, o ex-diretor de Operações dos Correios Marco Antônio Oliveira negou ter acusado o sobrinho Vinícius Castro, ex-assessor de Erenice, de receber propina na Casa Civil. Segundo a revista Veja, Oliveira disse que Castro recebera R$ 200 mil em propina.

O dinheiro teria sido deixado na gaveta de uma mesa.

Ele não confirmou o que saiu na imprensa. Aquilo não é verdadeiro disse Eloi Ferreira, advogado de Oliveira.