Título: Dilma estreia campanha do 2º turno
Autor: Vasconcelos, Fábio
Fonte: O Globo, 07/10/2010, O País, p. 9

Mas presidenciável interrompe carreata na metade do caminho, o que chegou a criar especulações sobre seu estado de saúde

Fábio Vasconcelos, Natanael Damasceno e Rafael Galdo

A carreata que abriu a campanha para o segundo turno da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, terminou ontem antes do esperado, no Rio. A previsão era de que ela passasse por Caxias e São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Mas logo após deixar o centro da primeira cidade, às 16h, ela interrompeu o percurso. Segundo aliados, Dilma teria outros compromissos em Brasília e não podia estender a agenda. Em São João de Meriti, porém, onde cabos eleitorais a esperavam, chegou a ser informado por carro de som que, por motivos de saúde, a parte final da carreata tinha sido cancelada.

Dilma percorreu as ruas de Caxias por cerca de uma hora e meia, acenando para eleitores de cima de um jipe, ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB) e dos senadores eleitos Marcelo Crivella (PRB) e Lindberg Farias (PT). Antes, ao chegar à concentração da carreata, no Jardim Gramacho, ela deu uma entrevista com promessas: Começo por aqui porque quero priorizar duas questões importantes: o tratamento de água e o esgotamento sanitário (...). E vamos levar para a Baixada as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que estão dando tão certo no Rio.

Após a entrevista, para demonstrar força na região, onde Marina Silva (PV) teve cerca de 30% dos votos, Dilma encontrou no caminho dezenas de cabos eleitorais com bandeiras, mobilizados pela coordenação de Cabral e por deputados estaduais e federais. Já quando foi interrompida a carreata que causou confusão no trânsito de Caxias , Dilma entrou numa van de vidros escuros, com o governador, Lindberg e Crivella. Eles seguiram até um campo de futebol, às margens da Rodovia Washington Luiz, onde embarcaram num helicóptero.

Embora tenha se cogitado um problema de saúde de Dilma ou de algum membro de sua comitiva, ela aparentava estar bem disposta ao embarcar.

Cabral, porém, reclamava do joelho: Estou sentindo uma dor fortíssima.

Estou fazendo por ela o que não fiz por mim.

A assessoria de Dilma negou que a carreata tivesse acabado antes do previsto devido a mal-estar dela ou de aliados. Já pelo Twitter, a petista reforçou a ideia de que, por falta de tempo não concluiu o trajeto.

A carreata em Caxias foi tão boa que levou quase duas horas. Nem deu para ir a São João de Meriti. Fica para a próxima, escreveu no microblog Daqui a pouco, volta para Brasília, afirmou em outra postagem.

Para as próximas semanas, os aliados de Dilma que se mobilizaram ontem prometem manter suas estruturas em campanha. Prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos (PR) afirmou que, até amanhã, os prefeitos da região se reunirão para unificar o discurso e traçar estratégias de apoio.

Já o deputado estadual Jorge Picciani (PMDB), derrotado na disputa pelo Senado, assumiu papel central nos diálogos com lideranças estaduais.

Ele afirmou que será reforçado o trabalho com os evangélicos, depois dos desgastes causados pelas críticas às posições de Dilma a respeito do aborto. Segundo Picciani, além de Crivella, ligado à Igreja Universal, deve participar da campanha o candidato ao Senado Waguinho (PTdoB), da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, enquanto serão mantidos contatos com líderes evangélicos como o deputado estadual Samuel Malafaia (PR), irmão do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

A questão do aborto também foi conversa recorrente entre os políticos antes da carreata de ontem.

Evangélica, Benedita da Silva (PT), eleita deputada federal, disse que é preciso diversificar os temas da campanha.

Mesma a defesa da deputada federal eleita Jandira Feghali (PCdoB), que em 2006, na disputa do Senado, sofreu uma campanha apócrifa que a relacionava ao aborto.

A Dilma não deve deixar que esta seja a pauta principal da campanha disse Jandira