Título: Câmbio: Dilma diz ser contra ajuste fiscal
Autor: Vasconcelos, Fábio
Fonte: O Globo, 07/10/2010, O País, p. 9

Petista afirma que desvalorização do dólar está relacionada à crise mundial e defende reforma tributária e redução da dívida

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, se declarou ontem, no Rio, contra a necessidade de um ajuste fiscal para resolver a questão do câmbio desvalorização do dólar , como muitos economistas têm defendido.

Além de elogiar a medida tomada pelo Ministério da Fazenda que, esta semana, aumentou o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em renda fixa visando a conter a queda do dólar, Dilma disse que será necessária uma reforma tributária e a redução da dívida pública para atacar o problema do câmbio que, para ela, está relacionado à crise mundial: O ajuste fiscal não tem relação direta com o câmbio. A questão do câmbio diz respeito, no caso dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos, ao fato de ainda estarem em crise profunda. Essa crise não vai ser resolvida por ajuste fiscal.

Numa referência ao governo Fernando Henrique Cardoso, Dilma disse que o governo atual assumiu em 2003 com alto percentual de endividamento público com relação ao PIB. Para ela, o problema do câmbio será resolvido com o aumento da competitividade das empresas e, para isso, será preciso fazer a reforma tributária e reduzir juros.

O que nós vamos ter de fazer é aumentar a competitividade da indústria brasileira, tanto através de reforma tributária quanto através de melhoria do endividamento público. Nós sabemos que, quando chegamos ao governo, (a dívida pública) era de 60%. Hoje, chegou a 40%.

Isso vai permitir que a gente reduza os juros e, com isso, a relação com o câmbio vai melhorar.

Mas é necessário esse processo de redução (da dívida).

Sobre a medida do Ministério da Fazenda, Dilma disse que é uma forma de impedir o aumento da especulação financeira.

Mesmo no primeiro dia de vigência do novo IOF, o dólar recuou 1% a maior desvalorização em 20 dias e fechou em R$ 1,675, menor cotação desde 2 de setembro de 2008: O IOF sempre foi uma das medidas para impedir a especulação mais do que qualquer coisa.

Isso é muito importante.

Na tumultuada entrevista, na Baixada Fluminense, que Dilma visitou ontem, ela foi perguntada sobre a dificuldade dos evangélicos de apoiarem sua candidatura e a questão do aborto, mas não respondeu. A entrevista foi marcada por uma dúvida: manter ou não o púlpito e o cercado que impedem aproximação. Antes de Dilma chegar, sua equipe colocou cercados e o púlpito, que tinham sido abandonados.

Minutos antes de sua chegada, os assessores recuaram.