Título: CNBB critica o uso de seu nome em campanha
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 09/10/2010, O País, p. 19

Em nota, bispo diz que ninguém pode falar pela entidade BRASÍLIA. O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Geraldo Lyrio Rocha, criticou ontem o uso indevido do nome da CNBB e da Igreja Católica durante a campanha eleitoral.

Em nota divulgada no início da tarde, dom Geraldo diz que a CNBB foi alvo de manipulação. No mesmo texto, o líder religioso apela para que os fiéis usem como critério de escolha o respeito incondicional à vida. Na reta final do primeiro turno, alguns padres pregaram voto contra a candidata Dilma Rousseff porque o PT seria contra o aborto.

¿Reafirmamos, ainda, que a CNBB não indica nenhum candidato, e recordamos que a escolha é um ato livre e consciente de cada cidadão.

Diante de tão grande responsabilidade, exor tamos os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana¿, diz o texto assinado por dom Geraldo, pelo vicepresidente da CNBB, dom Luiz Soares Viera e pelo secretário da instituição, dom Dimas Lara Barbosa.

Sites atribuíram à CNBB declarações de religiosos A questão do aborto se tornou um dos temas centrais da campanha eleitoral para a Presidência da República nas últimas semanas. Para alguns analistas políticos, a discussão do tema teria sido um dos fatores que empurraram as eleições para o segundo turno.

O bispo dom Luiz Gonzaga Bergonzini, da diocese de Guarulhos, e o padre Joãozinho, da Renovação Carismática, pediram para os fiéis não votarem em Dilma Rousseff porque o PT teria fechado questão pela legalização do aborto. As informações foram divulgadas em algumas páginas na internet como se fossem posições oficiais da CNBB.

¿Lamentamos profundamente que o nome da CNBB ¿ e da própria Igreja Católica ¿ tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação¿, diz a nota assinada por dom Geraldo. O religioso não aponta, no entanto, quem teria manipulado as informações. No texto, dom Geraldo, diz que ¿é direito ¿ e, mesmo, dever ¿ de cada bispo, em sua diocese, orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizem respeito à fé e à moral cristã¿. Mas ressalva que a entidade que dirige não indica em que os fiéis devem votar.