Título: PT decide não decidir
Autor: Brito, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 08/07/2009, Política, p. 4

Parlamentares alegam falta de quorum e adiam reunião que definiria a postura da bancada em relação a José Sarney. Mercadante tenta apaziguar colegas

Sarney tem apoio de Lula, mas senadores do PT relutam em acatar

Os senadores do PT alinhados à exigência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de apoio incondicional ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), arranjaram, ontem, uma justificativa para adiar a reunião da bancada que trataria da posição oficial do partido na crise da Casa: a ausência dos parlamentares. O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), remarcou para hoje o encontro com o argumento de que três dos 12 integrantes da bancada não estariam presentes. Na verdade, Mercadante tenta ganhar tempo para dissuadir os petistas de adotarem publicamente um discurso contrário à imposição do Planalto. Lula considera a defesa do cacique peemedebista fundamental para o projeto presidencial da ministra Dilma Rousseff em 2010.

O encontro da bancada ocorre tradicionalmente às terças. No início da tarde, ocorreu solenidade em comemoração aos 15 anos do Plano Real. Mercadante costurou lá o motivo para adiar o encontro. Também interessada em protelar uma posição partidária, a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (SC), avisou a Mercadante que viajou a São Paulo para acompanhar Dilma. Os senadores Delcídio Amaral (MS) e Flávio Arns (PR) não chegaram a tempo.

Uma das defensoras do afastamento de Sarney, a senadora Marina Silva (PT-AC) até tentou realizar a reunião. Na solenidade, sentou-se ao lado de Mercadante e cobrou o encontro. Em vão. ¿O Mercadante achou por bem remarcar para que toda a bancada esteja presente¿, disse posteriormente o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Ao menos, uma posição a bancada vai ter hoje. Mercadante anunciou que apresentará a posição petista sobre o funcionamento da CPI da Petrobras, depois que a oposição aceitou abrir mão da relatoria da CPI das ONGs e da criação da CPI do Dnit.

Atos secretos No dia em que a Mesa Diretora decidiu anular mais dois dos 663 atos secretos, a Procuradoria da República no DF determinou que a Polícia Federal abrisse inquérito sobre o caso. Serão investigados os ex-diretores Agaciel Maia, João Carlos Zoghbi e outros cinco servidores. A Mesa anulou ato assinado em 2006 pelo ex-diretor-geral Agaciel Maia que concedia aumento para 40 chefes de gabinetes. Segundo o diretor geral atual, Haroldo Tajra, ninguém chegou a ser beneficiado pela medida, e, por isso, não haveria necessidade de restituição. O outro ato concedia reajuste de R$ 20 no auxílio alimentação a funcionários terceirizados.

Cara a cara Crise no Senado Luludi/Agência Luz - 16/8/06

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente

¿Quando o Executivo não tem agenda, o Congresso fica menos ativo. E, quando fica menos ativo, questões que não deveriam ser importantes ficam importantes¿

André Dusek/AE - 12/12/07

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente

¿Eu não vejo crise, só uma divergência no Senado. Existem denúncias que precisam ser apuradas para que seja apresentada à opinião pública o que é verdade ou não¿

Pesquisa vira ¿afago¿

Um estudo divulgado ontem pelo Senado aponta que a maioria da população aprova o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Cerca de 33% dos entrevistados que conheciam Sarney classificaram a gestão dele positivamente. Ao todo, 27% disseram que o trabalho é bom e outros 6%, ótimo. Na outra ponta, 26% consideraram o trabalho como negativo: 9% dos entrevistados acharam ruim e outros 17%, péssimo. Do total, 39% classificaram o trabalho como regular. Dois por cento dos entrevistados não souberam ou não responderam à pergunta sobre a avaliação de Sarney.

O levantamento, feito em junho pela Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública da Casa, revelou um grande desconhecimento da população sobre os representantes políticos. Mesmo diante da crise no Senado, apenas 28% dos entrevistados acertaram, numa consulta espontânea, que o presidente da Casa é o senador José Sarney. Quase três em cada quatro, ou 72%, desconheciam: 63% não souberam ou não opinaram e outros 9% citaram outro nome. Apesar disso, a lembrança de Sarney é quase três vezes maior do que o conhecimento da população em relação ao último presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que era de 10% em novembro de 2008.

A pesquisa foi realizada em junho e entrevistou, por telefone fixo, 1.277 pessoas acima de 16 anos. É a primeira vez que a consulta, feita desde março de 2008, abrangeu 81 municípios, dentre os quais as 27 capitais e o DF. (RB)