Título: Tailândia taxa capital estrangeira em 15%
Autor: Godoy, Fernanda
Fonte: O Globo, 13/10/2010, Economia, p. 19

Japão pode intervir de novo no mercado cambial para desvalorizar o iene

CÉDULAS DE baht: medida do governo visa a conter investimentos estrangeiros no país e ainda dar um freio na valorização da moeda tailandesa

BANGCOC e PEQUIM. A guerra cambial entre os países ganhou nova artilharia ontem. A Tailândia ¿ primeiro país do continente a ser afetado pela crise asiática de 1997 ¿ decidiu ontem taxar os investimentos estrangeiros no país em bônus soberanos. O governo tailandês fixou um imposto de 15% sobre o lucro de capital e rendimentos por juros derivados de investimento estrangeiro na dívida soberana. Com isso, a medida pretende evitar a entrada maciça de dólares e o fortalecimento da sua moeda, o baht, que está no nível mais alto desde a crise asiática de 1997. Para analistas, a decisão do governo pode ter efeito moderado sobre a cotação da moeda americana.

Ao anunciar ontem a medida, o ministro das Finanças, Korn Chatikavanij, disse que a taxação será aplicada a todas as novas aquisições de títulos vendidos por governo, estatais e Banco Central do país feitas por estrangeiros. O primeiro-ministro tailandês, Abhisit Vejjajiva, acrescentou que outras medidas estão sendo consideradas, incluindo apoio para importação de máquinas e tecnologia.

¿ A ideia do governo não é resolver a apreciação do baht, mas sim as consequências dessa apreciação. Nos achamos que o câmbio não vai se depreciar tão rapidamente.

Mas a Tailândia não está só. Governos asiáticos estão redobrando esforços para conter os fluxos de capital que fortalecem suas reservas e afetam a competitividade das exportações. O Japão, por sua vez, sinalizou que poderia, se necessário, intervir no mercado de câmbio para desvalorizar o iene ¿ o dólar ronda mínimas de 15 anos frente ao iene. A medida viria apesar da desaprovação geral frente à sua compra de dólares no mês passado.

China: alta do yuan deve ser gradual

A China, por outro lado, insiste que qualquer alta do yuan deve ser gradual, uma postura criticada pelas autoridades globais, especialmente pelos Estados Unidos, pois é considerada como um obstáculo para a apreciação de outros tipos de câmbio na Ásia e para o consequente equilíbrio econômico do planeta. O que segundo analistas afeta a competitividade dos demais países no mercado internacional e ainda corta postos de trabalho em outras nações.

A chamada ¿guerra cambial¿ foi o principal tema da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), encerrada no domingo em Washington sem ter dado fim à tensão entre os países sobre o assunto, e será retomada em novembro por chefes de Estado, em Seul, no encontro dos países do G-20, grupo formado pelas principais economias avançadas e emergentes do planeta.