Título: FHC cola discurso tucano no Real
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 08/07/2009, Política, p. 7

Ex-presidente critica o PAC e diz que os tucanos foram os indutores dos avanços socioeconômicos no país Fernando Henrique: ¿PAC é importante, mas é preciso mais do que isso¿

De olho num discurso para 2010, o PSDB liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou a sessão solene de 15 anos do Plano Real(1) , no plenário do Senado, para apresentar-se como o grande indutor das bases que possibilitaram os avanços socioeconômicos do Brasil dos tempos de concepção do Plano até hoje. Ao lado do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, único presidenciável tucano presente, Fernando Henrique recheou os discursos com críticas ao atual governo. Sobrou até para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que o PT trata como o motor da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão de Lula.

¿Precisamos de investimentos em infraestrutura. Não é fazer PAC. PAC é importante, mas é preciso mais do que isso. Esse investimento não virá se não tivermos poupança. E não vemos trabalho por esse lado. Trabalha-se pelo lado do consumo¿, disse Fernando Henrique.

Antes do discurso de FHC, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, um dos poucos petistas presentes, tratou de colocar o presidente Lula na foto do Real: ¿As lideranças do PSDB podem não reconhecer ou desconsiderar a segunda parte, o período do governo do presidente Lula. Está na hora de dar um salto no debate político deste país, é muito difícil principalmente num período pré-eleitoral, falar do que foi bem-feito, mas a gente precisa evoluir no direito de ser oposição¿, declarou.

Fernando Henrique respondeu que a iniciativa cabe a quem está no poder: ¿Essas coisas devem ser ditas a quem está por cima. No meu período, eu tentei. Não consegui¿, disse ele, que ainda ressaltou a importância do ex-presidente Itamar Franco, como o político que ousou ao indicá-lo ministro da Fazenda.

1 ESTABILIDADE O Plano Real foi lançado em 1993, quando era Fernando Henrique Cardoso era ministro da Fazenda do governo Itamar Franco. O país vinha de uma série de fracassos na área econômica. A nova moeda entrou em vigor em 1 de julho de 2004, quando o ministro da Fazenda era Rubens Ricúpero e Fernando Henrique estava em Minas Gerais, como candidato a presidente da República, mas seu nome estava nas cédulas que ele concebeu, aprovou e assinou antes de deixar o governo em abril daquele ano.

¿Falta compreensão¿

Pré-candidato do PSDB a presidente da República, o governador Aécio Neves mesclou o passado dos três presidentes que consolidaram o Plano Real ¿ Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula ¿ com um discurso para o futuro. ¿O que falta hoje é a compreensão da agenda que ficou por fazer¿, afirmou, citando propostas que farão parte de sua pré-campanha.

Falou com ênfase da necessidade de uma melhor redistribuição dos impostos que hoje ficam sob a guarda da União. Defendeu uma ¿refundação da Federação¿. Como Fernando Henrique, também chamou o PT ao diálogo: ¿Não nos apequenemos em torno de brigas políticas. Estamos prontos para fazer o que é preciso e para ousar quando for necessário¿, disse Aécio.

Terminada a solenidade, os tucanos seguiram em bloco para um almoço no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Lá conversaram sobre a pré-campanha. Aécio já tem várias viagens marcadas. A ideia é a de que o partido realize a prévia em janeiro. O governador de São Paulo, José Serra, não compareceu porque está em Genebra, na Suíça, em uma viagem a trabalho. Serra tem adiado ao máximo o início de sua pré-campanha a presidente da República. (DR)