Título: Marina e PV terão a mesma decisão
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 14/10/2010, O País, p. 14
Executiva Nacional do partido se reúne, mas opção, que deve ser pela neutralidade, só será tomada domingo
BRASÍLIA. Embora ainda não tenha chegado a uma posição sobre como orientar no segundo turno seus 19,6 milhões de eleitores, Marina Silva (PV) conseguiu unir o partido. Seja qual for a decisão a ser tomada neste domingo, em plenária com membros e não membros do PV, será uma posição só, com Marina e o partido de acordo. O ex-coordenador da campanha de Marina João Paulo Capobianco admitiu que dificilmente será de comum acordo, mas os vencidos terão de respeitar os vencedores: ¿ Não vai ser uma decisão unânime, e sim consensual.
Chegaremos a um parâmetro a ser seguido.
A convenção abrirá espaço para os 57 membros da Executiva Nacional do PV, mais 30 membros do conselho do partido, o candidato a vice de Marina, Guilherme Leal, candidatos ao governo dos estados e ao Senado e outros 15 delegados de fora do partido, gente da sociedade civil e ligada a entidades religiosas.
Todos terão direito a voto para decidir entre três hipóteses: o apoio ao tucano José Serra, o apoio à petista Dilma Rousseff ou a neutralidade. Os dois presidenciáveis já cortejaram a verde e receberam, na última sexta-feira, o programa sobre o qual Marina aceita discutir um eventual apoio.
¿ Qualquer movimento do partido é em cima do programa, seja para aliança ou composição de governo ¿ disse Marina, após longa reunião com 53 dirigentes e conselheiros do PV.
A senadora deixou claro que ainda não viu suas pautas incorporadas pelos candidatos: ¿ No primeiro debate (do segundo turno), não vi essa contribuição que a sociedade manifestou (estar interessada), que é o compromisso com a sustentabilidade.
Caso a opção seja pela ¿independência¿, posição mais provável segundo participantes da reunião, isso não deverá impedir que, nos estados, membros do partido apoiem uma das duas candidaturas.
¿ Quando o partido decide que não vai apoiar um dos candidatos, permite que seus membros apoiem os candidatos com apenas uma recomendação: que não utilizem o símbolo do partido ¿ disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que já declarou apoio ao tucano, mas disse que vai esperar até domingo para acertar como será sua participação na campanha tucana.
Pela manhã, o líder do PV na Câmara, deputado Edson Duarte, informou que havia duas possibilidades sendo discutidas: liberar os eleitores de Marina para que escolham como preferirem ou a adesão a Serra. Segundo Duarte, as chances de o partido optar pela candidatura de Dilma eram ¿remotíssimas¿.
Mas Marina fez questão de afirmar que não é ¿dona¿ dos quase 20% de eleitores que a escolheram no primeiro turno, e reafirmou que a população está cansada da velha política e das velhas alianças. Ela comemorou o fato de uma terceira via estar se formando, mas disse que essa via ainda terá de amadurecer.
Na reunião, a portas fechadas, falou em ¿multiplicar os 20 milhões de votos¿ que recebeu.
Mais tarde, a jornalistas, disse: ¿ Continuo afirmando que o voto não é de Dilma, Serra, ou Marina. (O voto do PV) É um voto de opinião. As pessoas vão confrontar essa opinião que têm com as candidaturas e vão fazer a sua escolha. Eu não acredito em uma figura iluminada capaz de arrebanhar seus seguidores.
Já nos primeiros momentos da reunião, que se arrastou durante todo o dia ontem, dirigentes do PV manifestavam que marchariam junto com Marina no segundo turno, fosse qual fosse sua decisão.
¿ Engana-se quem está torcendo pela divisão do PV. O partido vai apoiar a posição que ela quiser no segundo turno ¿ disse o coordenador da regional 2 do Nordeste (que engloba Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe), Denis Soares.
¿ Não podemos ter uma posição desagregadora. O grande vencedor destas eleições foi o PV, por conta da candidatura de Marina ¿ afirmou Marcelo Silva, presidente do Diretório Regional do Ceará.