Título: Dilma defende Cardeal e diz que banco está chorando
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Fonte: O Globo, 18/10/2010, O País, p. 13
Petista afirma que instituição alemã errou ao dar empréstimo e que há uma central de boatos contra sua candidatura SÃO PAULO. A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, reagiu ontem à denúncia contra um de seus aliados e culpou o banco alemão Kreditanstalt fur Wiederaufbau (KfW) por conceder um ¿empréstimo ilegal¿ a uma subsidiária da Eletrobras. Dilma disse que o banco, que já demitiu o funcionário responsável pela negociação, está querendo se beneficiar da questão.
¿ Eu acho bom que na campanha eleitoral a gente mude as fofocas. Quem está falando isso está beneficiando o banco.
O KfW errou. O banco fez e aceitou um empréstimo com aval ilegal e agora está querendo ganhar essa questão ¿ disse Dilma, logo após visitar o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
Controlado pelo governo alemão, o KfW emprestou 157 milhões de euros a duas empresas brasileiras (Winimport e Hamburgo) para a construção de usinas de biomassa no Sul do Brasil, mas nem todas as obras saíram do papel, segundo reportagem publicada neste fim de semana pela revista ¿Época¿. A Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), presidida por Valter Cardeal, homem de confiança de Dilma no setor elétrico e diretor da Eletrobras, foi a fiadora do empréstimo, o que vai contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.
¿ O que o banco está fazendo é chorando ¿ afirmou Dilma ontem.
KfW afirma que Cardeal sabia de garantia ilegal O banco alemão de desenvolvimento ingressou com uma ação de danos materiais e morais na 10 aVara Cível de Porto Alegre pedindo indenização à CGTEE. De acordo com o KfW, havia evidências de que Cardeal sabia das garantias ilegais. De acordo com a revista, em 2007, Cardeal também foi denunciado pelo Ministério Público Federal por gestão fraudulenta e desvio de recursos com base em uma operação (Navalha) da Polícia Federal, que investigou irregularidades em obras públicas.
Sob a proteção de Dilma, no entanto, ele teria se mantido firme no governo, assumindo a presidência do Conselho de Administração da Eletronorte e de Furnas. No documento, o banco afirma que até mesmo alguns políticos, como Dilma Rousseff, tinham conhecimento da fraude em torno das garantias exigidas para o empréstimo.
Na saída do museu, a candidata disse que existe uma ¿central de boatos¿ contra a sua candidatura, referindo-se à descoberta, no último sábado, de uma gráfica na Zona Sul da capital paulista que imprimiu mais de dois milhões de panfletos atribuídos à Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) contra a sua campanha.
Ela afirmou que essa situação beneficia o seu adversário, José Serra (PSDB).
¿ Eu não sei direito quem mandou fazer o panfleto. É crime eleitoral. Agora, eu acho que tem uma central de boatos fazendo essa espécie de ofensivas contra a minha candidatura que são nitidamente ilegais, são crimes eleitorais e merecem ser investigados.
Agora, eu não posso entrar no mérito de quem fez e por que fez ¿ disse ela.
Dilma critica progressão automática nas escolas Dilma aproveitou a visita ao museu para falar também sobre educação. A candidata disse que, se eleita, terá como preocupação garantir que as crianças passem de ano no Brasil e que, ao mesmo tempo, aprendam o que estão estudando, em referência à metodologia empregada por José Serra no estado de São Paulo. Segundo ela, a progressão automática é um crime contra as crianças. A petista afirmou que tem como proposta promover uma Olimpíada da Língua Portuguesa.
Dilma disse também que montou um programa de incentivo a serviços públicos. A ideia é zerar a cobrança de PIS/Cofins das áreas de saneamento, energia e transporte.
Segundo ela, o ganho das empresas de transporte com a isenção do imposto, por exemplo, deve ser repassado para as tarifas de ônibus, que podem ficar mais baixas.