Título: Erenice e Paulo Preto também em pauta
Autor: Galdo, Rafael; Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 18/10/2010, O País, p. 4

Dilma diz que sua ex-braço-direito errou e Serra afirma que teria sido vítima no suposto desvio de doação

Rafael Galdo, Henrique Gomes Batista e Fábio Vasconcellos

As denúncias que atingiram as campanhas dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) na corrida eleitoral só vieram à tona no terceiro bloco do debate. Os dois tentaram se explicar: Serra em relação a supostos desvios de recursos da campanha eleitoral do PSDB pelo ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto; e Dilma sobre os escândalos de tráfico de influências na Casa Civil, com envolvimento da ex-ministra Erenice Guerra, que foi seu braço-direito.

Perguntado sobre Paulo Preto, Serra disse que num caso como esse, seria a vítima: ¿ Disseram que alguém tinha recebido uma contribuição para minha campanha e não tinha entregue. Ou seja: eu sou a vítima disso.

Ao responder a uma pergunta de uma jornalista sobre se ele sabia das denúncias contra o ex-diretor da Dersa, Serra negou ter dito não conhecer Paulo Vieira de Souza, como fora publicado na imprensa: ¿ Não neguei que o conhecia.

Fui numa segunda a Goiânia.

E veio uma repórter e perguntou sobre o Paulo Preto. Não o conhecia assim: Paulo Preto é um apelido preconceituoso e racista.

Essa foi a pergunta, não foi sobre Paulo Souza ¿ justificou, ressaltando que na época nenhum doador tinha reclamado que o dinheiro não havia chegado à campanha, nem os responsáveis pela arrecadação tinham feito qualquer observação nesse sentido.

Serra continuou e disse que as denúncias sobre Paulo Preto não se comparavam ¿com negar mensalão e roubo na Casa Civil¿, nem com as acusações que envolvem Valter Cardeal, homem de confiança de Dilma, supostamente envolvido em uma fraude de 157 milhões de euros.

Já Dilma, em resposta a uma outra jornalista sobre os escândalos na Casa Civil, afirmou que ¿as pessoas erram, e a Erenice errou¿. Dilma disse ainda que via o caso com ¿indignação¿, ao afirmar que tem compromisso com o combate ao nepotismo e ao tráfico de influência. E, assim como Serra, aproveitou para atacar o adversário.

¿ Nós investigamos. A Erenice saiu do governo. E a Polícia Federal abriu um inquérito e 16 pessoas já foram interrogadas.

Isso significa que nós apuramos o que acontece ¿ disse ela, afirmando ainda que Paulo Preto também seria suspeito de desviar recursos de obra em São Paulo e que isso não teria sido investigado.

No que se refere a Cardeal, citado por Serra, Dilma considerou que há um ¿equívoco¿ na acusação contra ele, defendendo o assessor e dizendo que quem participou de fraude já foi demitido.