Título: PP reafirma apoio informal a Dilma
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 15/10/2010, O País, p. 13

Mas três diretórios resolvem apoiar Serra; líderes do partido dizem que eleição será "muito dura, muito disputada"

BRASÍLIA. Ao reafirmar apoio informal à candidata petista, Dilma Rousseff, o PP fez uma avaliação realista de que a disputa no segundo turno será muito difícil. Chamado de "Partido Popular" por Dilma, os integrantes do Partido Progressista anunciaram que respeitariam as divergências internas: três diretórios regionais anunciaram apoio a Serra (Minas; Paraná e Rio Grande do Sul) e outros dois estão independentes (Santa Catarina e São Paulo). No almoço com parlamentares do partido, o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), explicou que o encontro serviu para referendar a decisão do primeiro turno - de apoio, mas sem decisão formal na convenção do partido. E deixou os dissidentes livres.

- Não existe enquadramento. Oficializamos a posição dos 22 diretórios que apoiam Dilma. Mas respeitamos quem vai ficar contra. O PMDB também teve posições divergentes nos estados, como em Pernambuco, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - explicou Dornelles.

Na reunião, o PP apresentou quatro pontos ao programa de governo de Dilma: redução da tributação às médias, pequenas e microempresas; desoneração dos investimentos; aperfeiçoamento do sistema de defesa comercial contra práticas desleais de outros países; e a desburocratização para reduzir, melhorar e simplificar a vida dos brasileiros. Dornelles, no entanto, destacou que, em geral, o PP concorda com o programa da petista.

Os integrantes do PP reconheceram que a situação de Dilma agora é mais difícil do que no primeiro turno, mas afirmam que o partido continuará com o apoio à petista.

- Será uma eleição muito dura, muito disputada. Quem ganhar, vai ser por 3 pontos percentuais. Se Dilma ganhar por 51% a 49% está bom demais. Estamos gostando desse novo estilo da Dilma. Ela está se defendendo. Agora, será assim: bateu, levou. Ela está batendo na bola, enquanto Serra chuta na canela - disse o coordenador do PP na campanha de Dilma, deputado Mário Negromonte (BA), assumindo postura agressiva em relação ao tucano.

- Mas ele (Serra) sempre jogou muito baixo: foi assim com (a governadora) Roseana Sarney, foi assim com (o ex-governador) Mário Covas e foi assim com (o senador eleito) Aécio Neves. Serra chegou a fazer dossiê contra Aécio.

No almoço com o PP, registrado na agenda do site oficial da campanha de Dilma, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, chegou em carro oficial. Mais tarde, justificou:

- Não li e não acompanho a agenda da ministra Dilma. Até estranhei a movimentação da imprensa. Entendi que isso não era um local de ato público de campanha, como carreata, passeata ou comício. Fui convidado, pelo senador do meu estado e presidente do meu partido, para um almoço numa casa em que vou sempre. Consultei a AGU, que deu respaldo ao meu comportamento. Quero saber se o senador Dornelles deveria chegar à pé na sua casa, já que foi em carro oficial do Senado.

Segundo cartilha elaborada pelo governo para nortear conduta de autoridades e servidores, Fortes não poderia ter usado carro oficial para ir à reunião.