Título: Secretário: no Brasil, subsídio é mercado interno
Autor: Rodrigues, Lino; Gomes, Wagner
Fonte: O Globo, 16/10/2010, Economia, p. 27

SÃO PAULO. Diante do pleito de marcas de material esportivo por uma política industrial para o setor, o secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Welber Barral, disse que os importadores serão "bem vindos ao Brasil se quiserem passar a produzir localmente". Mas alertou que o grande subsídio será o tamanho do mercado nacional.

- O grande subsídio do Brasil é o mercado. O mercado consumidor é a jóia da coroa. Copa do Mundo e Olimpíadas já são um grande incentivo - disse.

Barral confirmou que o governo investiga o uso de terceiros países para burlar a barreira alfandegária a calçados produzidos na China. Ele ressaltou que a importação de produtos de outros países asiáticos não é proibida, desde que não haja fraude.

Barral disse que, toda vez que uma medida antidumping é aplicada, "há pressões de todos os lados" e lembrou que os importadores chegaram a recorrer à Justiça para tentar derrubar a sobretaxa - mas não tiveram sucesso.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso, a maior indicação da existência de triangulação vem dos percentuais de importação da Malásia - país que não tem tradição como produtor de calçados. De janeiro a julho deste ano, a quantidade de pares de calçados importados daquele país aumentou 25.000% e atingiu três milhões. Como comparação, nos primeiros sete meses de 2009, o Brasil havia comprado da Malásia apenas 11,8 mil pares. As compras da Indonésia também chamam a atenção: passaram de 940 mil para 1,6 milhão - alta de 77%.

Já a China apresentou uma redução de 60% no volume de pares enviados ao Brasil. De janeiro a julho deste ano, os embarques somaram sete milhões de pares, contra os 17,5 milhões importados no mesmo período do ano passado. (Wagner Gomes)