Título: Mangueira e São Carlos na fila da paz
Autor:
Fonte: O Globo, 16/10/2010, Rio, p. 19

Crueldade de traficantes inclui `aluguel¿ de crianças para levar drogas

Os morros da Mangueira e de São Carlos, no Estácio, também estão na lista das favelas a serem pacificadas, o que acontecerá ainda este ano, segundo o governador Sérgio Cabral. As duas comunidades, distantes pouco menos de um quilômetro uma da outra, cresceram mais ou mesma na mesma época: a primeira, no fim do século XIX, e a segunda, no início do século passado. Ambas estão ao lado de algumas das principais vias de acesso ao Centro. Seus moradores, no entanto, ainda sofrem restrições para circular nas áreas vizinhas, uma vez que são dominadas por quadrilhas de facções rivais.

As duas favelas também têm papel de destaque no cenário cultural da cidade. No São Carlos, foi fundada a primeira escola de samba do Rio, a Deixa Falar. Já a Mangueira é berço de uma das escolas de samba de maior torcida na cidade.

As comunidades também têm em comum a crueldade dos traficantes. Na Mangueira, descobriu-se que traficantes ¿alugavam¿ crianças e idosos do morro para usá-los no transporte de drogas e, assim, evitar revistas durante ações da polícia. Em março de 2008, um pai foi preso por ¿alugar¿ seu filho de 4 anos. Os valores variavam entre R$50 e R$100.

O Morro de São Carlos é dominado por traficantes da mesma facção criminosa que controla a Rocinha. Até março deste ano, quando foi morto em tiroteio com a polícia, o chefe do tráfico era Rogério Rios Mosqueira, o Roupinol, que foi considerado o maior distribuidor de cocaína do estado. Atualmente, quem comanda a venda de drogas no São Carlos é Anderson Rosa Mendonça, o Coelho.

Na Mangueira, o chefe do tráfico é Alexander Mendes da Silva, o Polegar. Com medo de que a favela seja ocupada para a instalação de uma UPP, Polegar reagiu de forma muito violenta na semana passada a uma blitz da polícia para recuperar dois carros roubados em arrastões na cidade. Vários tiros foram disparados e um deles matou um menino de 12 anos.

oglobo.com.br/rio