Título: Vale anuncia investimentos de até US$ 28 bi para os próximos 2 anos
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 19/10/2010, Economia, p. 25
Em Nova York, Agnelli se recusa a responder perguntas sobre política Correspondente
NOVA YORK. O presidente da Vale, Roger Agnelli, comandou ontem o oitavo Dia da Vale na Bolsa de Valores de Nova York, anunciando investimentos de US$ 26 bilhões a US$ 28 bilhões nos próximos dois anos e festejando o que disse ser ¿o melhor momento da história da empresa¿.
Após encontro com cerca de cem executivos e analistas de grandes bancos e fundos de investimento, Agnelli se esquivou de perguntas sobre política, mantendo silêncio sobre suas críticas ao PT. Na semana passada, na África, Agnelli disse a jornalistas que há muita gente no PT ¿em busca de cadeiras¿ e atribuiu a isso os rumores sobre sua saída da direção da Vale.
`Se o conselho quiser mudar, vai mudar¿, diz Agnelli Agnelli disse que tem uma boa relação com a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e que nunca sentiu pressão nem interferência sobre seu trabalho. Diante da insistência dos repórteres sobre suas chances de se manter no cargo, mais uma vez escapou: ¿ Não tenho mais nada a acrescentar. Se o conselho quiser mudar, vai mudar (a direção da Vale), não há problema, é o dever deles ¿ disse Agnelli, presidente da Vale desde julho de 2001.
O orçamento da Vale para 2011, com seu plano de investimentos, será anunciado em duas semanas. Agnelli antecipou que ele conterá de US$ 26 bilhões a US$ 28 bilhões em investimentos para projetos em andamento.
A Vale divulgou ontem seu relatório operacional do terceiro trimestre, com produção recorde de 82,6 milhões de toneladas de minério de ferro, o melhor resultado desde o recorde de 85,8 milhões de toneladas no mesmo período de 2008 ¿ antes da crise global. O resultado financeiro do período será apresentado no dia 27, após o fechamento dos mercados.
Quanto à questão cambial, Agnelli admitiu que a empresa vem tendo de administrar uma certa volatilidade do dólar, mas disse que o fundamental ¿ a demanda ¿ está garantido. O executivo disse que todos devem ¿rezar pela China¿ e que o futuro da Vale nos próximos dez ou 15 anos está garantido pela demanda da China e de outros países asiáticos que passam por forte processo de industrialização. Hoje, 52% da receita da Vale vêm da Ásia. A previsão do diretor financeiro, Guilherme Cavalcanti, é que nos próximos cinco anos essa proporção chegue a 80%.
¿ A China não é uma bolha, é uma realidade. O pêndulo do crescimento agora está na Ásia, não no mundo ocidental ¿ disse Agnelli, acrescentando que a África será próxima novidade.
(*) Com agências internacionais