Título: Lula: muita gente tentou vender Petrobras
Autor: Vasconcellos, Fábio; Marqueiro, Paulo
Fonte: O Globo, 19/10/2010, O País, p. 10

Gabrielli volta a entrar na campanha eleitoral, mesmo em evento da empresa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a inauguração das obras de ampliação da Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, para voltar à polêmica levantada na campanha de Dilma Rousseff de que o PSDB desejava vender a Petrobras no governo de Fernando Henrique Cardoso. Sem citar a polêmica envolvendo petistas e tucanos, Lula disse que a estatal já nasceu desacreditada, em 1953, e que, ao longo do tempo, foi alvo de ¿muita gente que tentou vender a empresa e até mudar seu nome¿. Apesar de toda a pressão contrária, segundo o presidente, a estatal está se transformando, em 2010, na segunda maior empresa petrolífera do mundo.

¿ Essa empresa, que muita gente tentou vender e até tentaram mudar o nome ¿ e que muitos editoriais diziam que o Brasil não tinha que se meter a procurar petróleo ¿ chega em 2010 como a segunda maior empresa de petróleo do mundo ¿ disse Lula, em discurso a uma plateia de funcionários da refinaria.

Muito aplaudido pelos operários, Lula disse, ao lado do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que depois de 30 anos a empresa voltava a construir novas refinarias e a investir na modernização das plantas existentes: ¿ Quando assumimos o governo, o valor patrimonial da Petrobras era de US$ 15 bilhões e, hoje, é de US$ 200 bilhões.

Depois de Lula lembrar que faltavam 73 dias para deixar o governo, os trabalhadores da refinaria da Petrobras começaram a gritar ¿fica Lula¿ e outros entoavam o slogan de Dilma Rousseff na campanha. Lula pediu que parassem de gritar, porque se tratava de um ato institucional e estava proibido de falar em campanha.

Gabrielli voltou ontem a acusar o governo FH de ter tomado iniciativas que poderiam ter levado a estatal à ¿morte por inanição¿ por falta de investimentos.

Segundo ele, houve um ¿esquartejamento¿ da empresa para fragilizá-la e facilitar a sua privatização.

Gabrielli, disse, no entanto, que não se tratava de um ¿plano maquiavélico¿, estruturado, mas ações que foram tomadas pelo governo anterior que inibiam o crescimento da companhia. Ele citou as áreas de exploração e refino que foram impedidas de crescer por conta da redução nos investimentos e da não participação da estatal em leilões para compra de novas áreas exploratórias.

¿ A empresa estava inibida em seu crescimento. Não era um plano estruturado, maquiavélico, mas um conjunto de políticas que, se fosse continuado, levaria a um esfacelamento da Petrobras e a uma incapacidade dela crescer. Isso foi desmontado por nós nesses últimos oito anos ¿ disse Gabrielli.

Sem citar o nome do adversário de Dilma, o tucano José Serra, Gabrielli salientou que, caso ele seja eleito e se faça mudanças na atual política de crescimento, a companhia não continuará crescendo: ¿ Não posso dizer que há esse risco (de mudança na política da Petrobras), mas se a inibição ao investimento voltar, se houver limitação nos recursos para refino, se a engenharia e a pesquisa for inibida, se não houver fortalecimento nas posições corporativas e se não houver uma boa relação com os funcionários, a empresa se modifica. Não tem como não se modificar.