Título: Garotas malvadas e nada cultas
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 22/10/2010, O Mundo, p. 36

Sarah Palin abusa de linguagem extravagante e seduz com estilo denominado de ignorância chique

SARAH PALIN se prepara a discursar em evento em Reno, Nevada

WASHINGTON.O aspecto folclórico da chefe-guia do movimento ultraconservador Tea Party, Sarah Palin ¿ reverberado por suas gafes de campanha como vice-presidente do candidato republicano à Casa Branca, John McCain, em 2008 ¿, acabou se transformando em trunfo político e eleitoral em 2010. A ex-governandora do Alasca parece não mais se preocupar em esconder seus defeitos ou em abusar de um linguajar estranho e extravagante para expressar suas ideias. Aliás, analistas apontam que, neste item, a forma tem superado o conteúdo na ordem de prioridades.

Num artigo publicado no jornal ¿New York Times¿, a colunista Maureen Dowd disparou contra o que chama de ignorância chique de Sarah Palin, comparando-a à atriz Marilyn Monroe, estigmatizada como a mais famosa das louras burras. Para Dowd, a singular linguagem da líder do Tea Party ¿ considerada como forte nome para as eleições presidenciais de 2012 ¿, exemplificada no uso de inventivos termos como ¿refudiar¿ , ¿subequivalação¿ , ¿manhetizado¿ ou em sua crença no ¿excepcionalismo¿ americano, sugere a mensagem: ¿Os líderes deveriam ser ¿ como Palin diz ¿ exatamente como você.¿

Em seu Twitter, Palin justificou seu vocabulário, ao explicar que o idioma é uma língua viva. Analistas políticos avaliam que por trás da ignorância chique está a estratégia de seduzir o eleitorado por meio do charme do que chamam de conservador humano, utilizado nas últimas vitórias presidenciais republicanas da família Bush. Em resumo: mirar na imagem de cidadão comum do candidato.

Outras candidatas do Tea Party como Christine O¿Donnell e Sharron Angle, alcunhadas como integrantes do grupo já conhecido como das Garotas Malvadas Republicanas, parecem seguir a receita da mentora. Republicanos em geral e simpatizantes do Tea Party têm se esforçado em definir o presidente Barack Obama e sua tropa democrata como arrogantes, elitistas e esnobes, distantes da realidade ¿ e das necessidades ¿ do povo.

No Twitter, Obama vence Sarah Palin em número de seguidores: 5.704.103 contra 280.456. Nas urnas, só se saberá no dia 2. (F.E.)