Título: Há risco de uma epidemia catastrófica
Autor: Scofield Jr, Gilberto
Fonte: O Globo, 23/10/2010, O Mundo, p. 36

RUBEM CÉSAR FERNANDES Diretor-executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes passa, há seis anos, parte do tempo no Haiti, onde a organização se instalou. De Porto Príncipe, Fernandes contou ao GLOBO, por telefone, que teme uma grande epidemia no país.

O GLOBO: Qual é a atual situação da doença no país? RUBEM CÉSAR FERNANDES: A expansão do surto está muito rápida, já chegou a Porto Príncipe. Ontem (quinta-feira), os casos ocorriam numa região a quatro horas daqui.

Hoje (ontem), atendemos dois casos na nossa sede de serviço da saúde, em Bel Air, um bairro da capital. Em duas escolas onde nós trabalhamos, também tivemos casos.

Quais são os riscos agora? FERNANDES: O sistema de saúde é precário. Além disso, nos campos onde os desabrigados pelo terremoto estão ¿ são ainda mais de um milhão de pessoas ¿ há uma situação muito grave em relação aos dejetos humanos. Há também muito lixo nas ruas, o que agrava o problema. E o acesso à água potável é precário. As condições para o controle são as piores possíveis. Há risco de uma epidemia catastrófica.

O que está sendo feito para controlar a situação? FERNANDES: O Ministério da Saúde estuda usar um centro comunitário de Bel Air para enviar doentes.

Já conseguimos um purificador de água, distribuímos soro caseiro em massa, e ensinamos a fazêlo. Mas o tamanho do problema é gigantesco. E é desastroso que isso aconteça bem um mês antes da eleição, quando o governo está pouco mobilizado para resolver esse problema. (R.S)