Título: Governo vê falhas na segurança. Sindicato cobra câmaras de refúgio
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 24/10/2010, Economia, p. 38

Sindicalista afirma que só 30% das normas são cumpridas na região

Enviada especial

CRICIÚMA e SIDERÓPOLIS (SC). A Carbonífera Metropolitana, com 800 funcionários, concentra a maior parte dos acidentes fatais: desde maio de 2008, aconteceram lá seis das 12 mortes e um trabalhador ficou inválido. Segundo Ricardo Peçanha, superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Santa Catarina, ligado ao Ministério de Minas e Energia, ¿embora a empresa tenha os procedimentos mais específicos, maior equipe de engenheiros e técnicos e a que tem a maior quantidade de equipamentos de proteção e controles, é a que tinha o pior clima organizacional e de relacionamento¿.

Essa também é a conclusão do presidente do Sindicato dos Mineiros de Siderópolis, Cocal do Sul e Treviso, Antonio Stairk: ¿ Não está sendo feita uma análise de risco correta, junto com os trabalhadores. O engenheiro e o encarregado fazem sem consultar os trabalhadores.

Além disso, só 30% da NR 22 (Norma Regulamentadora que trata da segurança no trabalho nas minas) estão implantadas nas minas aqui.

A instalação de câmara de refúgio, como a que salvou a vida dos mineiros chilenos, é a principal luta dos trabalhadores de Santa Catarina hoje.

`Dificilmente outra atividade reúne tantos fatores de risco¿

O tempo de aposentadoria é citado pelo diretor da Metropolitana, Osmar Piovesan, como um complicador do trabalho no subsolo. Como é proibido trabalhar mais do que 15 anos na linha de frente da mina, há necessidade de treinamento constante de jovens, que começam a baixar à mina aos 21 anos: ¿ A maioria dos acidentes acontece por falha humana. Estamos fazendo um levantamento há mais de seis meses para verificar onde estamos errando.

Passamos anos sem acidentes.

O perigo e a insalubridade estão presentes em cada metro das minas: desmoronamento de teto, choques elétricos, umidade, problemas de ventilação e de dispersão de poeira mineral, que provoca a pneumoconiose (pulmão de pedra), a iluminação deficitária e o uso de explosivos.

¿ Dificilmente outra atividade econômica consegue reunir tantos fatores de risco para a mão de obra ¿ afirmou o procurador do Ministério Público do Trabalho, Luciano Leivas.