Título: Lula: A surra que a gente quer dar é nas urnas
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 24/10/2010, O País, p. 12

Em evento de campanha com Dilma, presidente pede que militantes petistas não aceitem provocações de adversários

CARAPICUÍBA (SP). Depois de uma semana marcada pelo acirramento da campanha, com cenas de agressão entre militantes petistas e tucanos e troca de acusações entre candidatos, as principais lideranças do PT demonstraram ontem preocupação com o clima da reta final das eleições. Em evento de campanha da candidata petista Dilma Rousseff, em Carapicuíba, na Região Metropolitana de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a ¿surra¿ que o partido deve dar no PSDB é ¿nas urnas¿ e que os militantes não devem aceitar provocações.

Do palanque de um caminhão de som, no encerramento de uma carreata, Dilma Rousseff também reforçou o pedido, dizendo que sua campanha era ¿de paz e amor¿.

Uma hora antes, em passeata por Diadema, os petistas cruzaram com uma carreata tucana.

Quando os dois carros de som se confrontaram, o locutor petista pediu à militância que não provocasse nem aceitasse provocações.

Os grupos seguiram seus trajetos sem incidentes.

¿ A gente não deve aceitar provocação, porque a surra que a gente quer dar neles é nas urnas, no dia 31 (de outubro) ¿ disse Lula às centenas de militantes que o aguardavam ao final da carreata de Carapicuíba.

O presidente voltou a chamar de ¿armação¿ o episódio no Rio onde, durante confronto entre militantes dos dois partidos, o candidato tucano José Serra foi atingido por um objeto atirado pelos petistas.

¿ Tentaram fazer uma armação para dizer que somos violentos.

A prova maior é que eu perdi em 1989, perdi em 1994, perdi em 1998 e não havia de minha parte ataque ou jogo sujo. Eles, que falam em democracia, mas não sabem perder¿ disse Lula.

Mais tarde, em entrevista coletiva, Dilma repetiu o pedido de ¿mudança de clima¿: ¿ Faço um apelo para que, daqui para a frente, se crie um ambiente de confraternização com o eleitor do que esse ambiente que cria desavenças, episódios desagradáveis e que se fica ressaltando essas coisas.

Dilma cita Deus e diz que governará como mãe No palanque, a candidata voltou a citar Deus, na tentativa de rebater as críticas sobre sua religiosidade.

Antes disso, em Diadema, os organizadores da campanha saudaram católicos, evangélicos e membros de outras religiões, como as afrobrasileiras.

Em Carapicuíba, enquanto Dilma afirmava que espera governar como ¿uma mãe cuida de seus filhos¿, o presidente Lula dizia que uma eventual vitória de José Serra seria o retorno da ¿incerteza¿ e a ¿volta de Fernando Henrique Cardoso¿ (ex-presidente tucano, antecessor de Lula).

O repórter do SBT Marco Alvarenga soltou nota criticando a utilização, pelo programa de TV do PT, das imagens feitas por sua equipe durante a agressão sofrida por Serra no Rio. Ele lamentou o uso eleitoral do episódio: ¿Em nenhum momento na matéria afirmo que o objeto que aparece nas imagens foi o único a atingir José Serra durante a confusão, muito menos ter sido o causador da dor manifestada pelo candidato¿.