Título: Carvalho rebate denúncias e vê ação eleitoral
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 24/10/2010, O País, p. 11

Chefe de Gabinete diz estar tranquilo quanto a processo

BRASÍLIA. O chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, rebateu ontem as denúncias envolvendo seu nome e disse que se sente mais motivado para fazer campanha pela eleição de Dilma Rousseff. Ele negou, com veemência, que tenha pedido a elaboração de dossiês contra tucanos ao hoje secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, como denunciado pela ¿Veja¿.

Depois de uma caminhada pró-Dilma em Londrina, Carvalho disse que a matéria da ¿Veja¿ parece ser uma ¿cortina de fumaça¿ para tentar abafar o caso do dossiê sobre a quebra de sigilo de tucanos, repetindo a tese de que esse dossiê foi fruto de uma briga interna do PSDB.

Carvalho disse que está ¿absolutamente tranquilo¿ e vai se defender no processo que investiga corrupção e desvio de recursos públicos da prefeitura de Santo André (SP) na gestão do prefeito Celso Daniel (PT), morto em 2002.

Carvalho: ¿Você é acusado sem saber quem acusa¿ Ontem, em Londrina, Carvalho recebeu telefonema de solidariedade de Lula e Dilma.

Ao presidente, disse ter ¿o couro duro¿ e que iria trabalhar ainda de forma mais radical para eleger a petista.

¿ Pela luz dos olhos dos meus filhos, jamais pedi ao Pedro Abramovay dossiê. Não acredito que o Pedro disse isso, e muito menos a Dilma (pediu), que não tem sequer relação com o Pedrinho, excelente profissional ¿ disse ao GLOBO.

Ele se disse ¿estarrecido¿ com a matéria e atribui a divulgação ao momento eleitoral: ¿ E você é acusado sem saber quem está acusando. O dono das fitas não aparece.

Em relação ao processo de Santo André, Carvalho disse que já prestou depoimento ao MP e em duas CPIs: ¿ É um processo cível e não criminal. Vou apresentar defesa, mas estou absolutamente tranquilo.

Já me defendi em CPI, no Ministério Público. Estranho é virar manchete na semana que antecede a eleição. Mas o meu couro já está duro.

Em nota na qual não faz referência à ¿Veja¿, o Ministério da Justiça afirma que a PF é subordinada à pasta, mas tem autonomia para tocar investigações. O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, sustentou que não influencia apurações da PF e garantiu nunca ter recebido ordem para fazê-lo. Argumenta que as operações da PF ¿atingiram indistintamente todos os envolvidos nos casos investigados, fossem eles cidadãos comuns, empresários, funcionários públicos, policiais, políticos de quaisquer partidos ou detentores de importantes cargos de governo¿.

Ministro da Justiça à época dos fatos e hoje governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro disse desconhecer a reportagem de ¿Veja¿, revista que estaria em ¿campanha para desmoralização da Dilma¿.