Título: Dilma e Lula se calam sobre polêmicas
Autor: Brisolla, Fabio; Galdo, Rafael
Fonte: O Globo, 25/10/2010, O País, p. 3

Em carreata pela Zona Oeste, presidente e candidata não falam sobre novas denúncias

Após uma semana de campanha abalada pelo depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Jr. sobre a quebra de sigilo de tucanos, e de uma reportagem de ¿Veja¿ no fim de semana mostrando que o secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, teria se queixado de cobranças sobre dossiês supostamente feitas por Dilma Rousseff (PT) e pelo chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, a candidata petista e o presidente Lula preferiram o silêncio ontem no Rio. Lula e sua ex-ministra fizeram pela manhã carreata de quase duas horas pela Zona Oeste da cidade.

Não discursaram. Ao fim, não deram entrevistas. Seguiram de helicóptero até a Base Aérea do Galeão e voltaram para São Paulo.

Com o governador Sérgio Cabral (PMDB), o prefeito Eduardo Paes (PMDB), o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, além do senador eleito Lindberg Farias (PT), dos senadores Marcelo Crivella (PRB) e Francisco Dornelles (PP) e do deputado Carlos Minc (PT), a carreata saiu de Realengo, foi a Padre Miguel, seguindo por 19 ruas da Zona Oeste ¿ região da cidade em que Dilma foi a mais votada para presidente no 1oturno (46,6% dos votos) ¿, e terminou num shopping em Bangu

No fim, militante foi atropelado na confusão O PT estima que cerca de três mil militantes acompanharam os 12 quilômetros da carreata, além de cabos eleitorais de siglas aliadas como PMDB e PP. A estrutura foi organizada pelo coordenador da campanha de Cabral, Wilson Carlos.

Apesar de não ter sido visto policiamento ao longo da carreata, policiais do 14º BPM (Bangu) informaram que dez carros da PM foram usados no evento. O batalhão estimou o público ao longo do ato em cinco mil a dez mil pessoas.

Moradores acompanharam a passagem dos carros ao longo do trajeto, e a carreata chegou a parar algumas vezes para Lula cumprimentar eleitores.

Mas só no trecho final, quando a comitiva entrou na Rua da Feira, uma das vias principais de Bangu, é que o evento ganhou mais público. No estacionamento do shopping, na confusão da saída de Dilma e Lula, um militante do PT foi atropelado por um jipe da carreata e socorrido no local.

O 14º BPM disse que, até o fim da tarde, não tinha sido informado do acidente.

A assessoria da campanha de Dilma afirmou que nenhuma ambulância da comitiva foi utilizada.

No estacionamento do shopping Bangu, após a carreata, Dilma disse que o evento mostrou que sua campanha no Rio terminou ¿para cima¿: ¿ Foi uma coisa maravilhosa. Vocês podem ver que é algo que fortalece.

É uma energia que sobe e passa pela gente toda. Mostra um final de campanha para cima ¿ disse Dilma, que mais tarde, pelo Twitter, postou a mensagem: ¿Gente, a carreata ¿ que o Sérgio (Cabral) e o (vice-governador do Rio, Luiz Fernando) Pezão chamam de `correata¿ ¿ em Realengo e em Bangu foi o máximo. Rio de Janeiro, aquele abraço!¿ Lula também não deu entrevistas, mas fez breve declaração no fim: ¿ Foi importante, porque a Zona Oeste é um lugar especial para fazer campanha ¿ disse.

Na carreata, Lula, que sofre de bursite, levou a mão ao ombro direito algumas vezes, reclamando de dores com Dilma e com o governador Sérgio Cabral. No trajeto, com direito a queima de fogos, Dilma chegou a ganhar uma rosa, que ela apontou para o alto. Um morador abriu uma garrafa de espumante em comemoração à passagem da carreata, e outro tocou saxofone numa varanda.

Os petistas também usaram o Twitter para comentar a carreata ¿ e ironizar o ato tucano na orla. Após afirmar que ¿A atividade na Zona Oeste foi emocionante. Muita gente¿, o presidente do PT-RJ, Luiz Sérgio, provocou: ¿Enquanto isso na orla... Soube que a atividade terminou do (sic) poucos quarteirões. Ué? Eles não iam até o Leme?¿. Já Minc comparou o ato tucano ao do PT em Copacabana: ¿Serra teve ônibus do Zito (prefeito de Duque de Caxias), sambata da Dilma teve Monarco,Wilson Moreira, Nelson Sargento. Quer + ?¿