Título: Acusada de beneficiar petista, juíza renuncia no AC
Autor: Menezes, Maiá; Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 26/10/2010, O País, p. 15

BRASÍLIA. A juíza do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Acre Arnete Guimarães renunciou ao cargo na manhã de ontem, após ser acusada pelo Ministério Público Eleitoral de tomar decisões que beneficiaram o ex-governador do estado e senador eleito Jorge Viana, do PT.

Antes da eleição no primeiro turno, Arnete atendeu a pedido de Viana e determinou à PF a devolução de seu material de campanha ¿ computadores, HDs e pen drives ¿ que havia sido apreendido pelos agentes no comitê do petista.

Arnete é ligada a Viana e, no governo dele (1999 a 2006), ocupou, por três anos, o cargo de diretora geral do Detran. Ela também foi uma das doadoras da campanha do ex-governador. No governo de Binho Marques (PT), que acaba em dezembro, Arnete ocupou cargo no Procon.

A decisão de Arnete de devolver o material apreendido ocorreu no dia 2, véspera da eleição.

No dia 3, o Ministério Público recorreu na sessão do TRE e pediu a suspeição da juíza, pelos vínculos com Viana. Para demonstrar a proximidade com familiares do petista, foi exibido um vídeo de circuito interno de TV em que Arnete visita a mulher de Viana, Dolores Nieto, no dia anterior. A juíza foi afastada do caso e os computadores de Viana continuaram retidos.

Na manhã de ontem, Arnete anunciou a decisão de deixar o TRE, onde permaneceu apenas três meses. Ela foi indicada pela seção da OAB no Acre e sua nomeação foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Arnete alegou ser vítima de uma campanha difamatória e chorou ao anunciar sua decisão. Ela tomou posse em julho.

Na sua carta de renúncia, Arnete afirmou que, nos últimos dias, sua honra e dignidade foram colocadas em xeque por acusações levianas e motivadas pela disputa eleitoral. Arnete afirmou que tem mais de 30 anos de vida pública e que não há sequer uma pequena nódoa que desabone sua conduta.

¿Não sou mulher para viver sob suspeita de quem busca chegar aos seus objetivos passando por cima da honra e da dignidade de cidadãos e cidadãs de bem. São pessoas que querem chegar aos seus fins, não importando se os meios são os mais recomendáveis sob o ponto de vista da ética e da decência¿, afirmou Arnete.