Título: PF prende mais sete por corrupção no Amapá
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 26/10/2010, O País, p. 17

Entre os detidos, que ficarão no presídio da Papuda, há parentes do ex-governador Waldez Góes

BRASÍLIA. A Polícia Federal prendeu ontem mais sete pessoas envolvidas no esquema de corrupção no Amapá, numa ação em desdobramento da Operação Mãos Limpas.

Em setembro, os agentes da PF já haviam detido 18 políticos, servidores públicos e empresários acusados de desviar recursos da União repassados para a Secretaria de Educação.

Entre os detidos há vários parentes do ex-governador Waldez Góes (PDT), um dos detidos em setembro.

Foram presos ontem, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o secretário de gabinete da prefeitura de Macapá, Humberto Góes, e a ex-secretária de Ação Social Hécia Maria Souza, além de Hugo Góes, Jardel Góes, Carlene Genaque, Luiz Adriano Ferreira e Alexandre Albuquerque.

Ao todo, a PF cumpriu ontem 25 mandados de condução coercitiva, 18 de busca e apreensão e sete de prisão preventiva. Destas, seis foram pelas acusações de ocultar, alterar e destruir provas e uma por coação e ameaça à testemunha. O prefeito de Macapá, Roberto Góez, foi um dos submetidos à condução coercitiva, e prestou depoimento na PF.

Os detidos seriam transferidos num avião da PF, ainda na noite de ontem, para Brasília.

Os sete ficarão presos no presídio da Papuda. Eles estão sendo investigados pelas práticas de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, advocacia administrativa, ocultação de bens e valores, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, tráfico de influência e formação de quadrilha.

O advogado Cicero Bordalo, que defende alguns dos acusados detidos ontem, vai recorrer ainda hoje e entra com pedido de habeas corpus de revogação da prisão preventiva no STJ.

Bordalo argumenta que não há comprovação de que as vozes que aparecem nas gravações feitas pela PF sejam de seus clientes, diz que as provas são frágeis e que não há assinatura dos acusados nos documentos que supostamente os incriminam.

¿ Eles podem tranquilamente responder ao processo em liberdade. Não estão tumultuando a investigação nem sonegando informações à polícia ¿ disse Cicero Bordalo, que queixou-se do comportamento da PF, que teria dificultado o acesso dos advogados aos autos do processo.

O esquema de corrupção envolve recursos provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).