Título: Ações e bônus da dívida sobem em Wall Street
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 28/10/2010, O Mundo, p. 35
MADRI e BUENOS AIRES.
As ações de empresas argentinas e os bônus soberanos do país dispararam nos mercados financeiros ontem após a divulgação da morte de Néstor Kirchner. Os investidores especulam com a possibilidade de perda de poder dos peronistas nas eleições do ano que vem, após uma gestão econômica controversa do chamado casal K, que incluiu uma reestruturação da dívida e o desmonte das estatísticas econômicas do país, levando o Fundo Monetário Internacional (FMI) a pôr em dúvida a credibilidade dos dados oficiais. O Goldman Sachs, por exemplo, calcula que a inflação real da Argentina é de 25%, mais de o dobro dos 11% oficiais.
A alta do valor dos títulos argentinos ocorreu nos mercados financeiros internacionais. Na Argentina, os mercados não funcionaram devido a um feriado local. Os principais ativos financeiros da Argentina dispararam em Wall Street, à medida que os investidores viam Kirchner como um homem de discurso hostil aos mercados e com muita influência sobre sua mulher.
Os títulos da dívida argentina negociados nos EUA subiram fortemente, assim como as ações de empresas estratégicas do país. Em Wall Street, as ADRs (recibos de ações negociados em Nova York) da Transportadora de Gas Del Sur saltaram 9,6%, e as da IRSA Investments and Representations, 7,6%. Em Londres, o grupo de comunicação Clarín, cujo jornal homônimo vem sendo perseguido pelo governo argentino, viu seus papéis saltarem 7,61%.
Hermán Labrone, analista da Fénix Compañía Financeira, alerta, porém, que a alta de ontem, embora expressiva, não pode ser vista como uma tendência. Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs Group, disse que Kirchner era visto como candidato potencial para as eleições presidenciais de 2011.
(*) Com agências internacionais