Título: Denúncias sem desfecho na Justiça
Autor: Braga, Isabel; Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 28/10/2010, O País, p. 3

BRASÍLIA. Quase dez anos após o escândalo da extinta Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), um dos motivos da renúncia do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), o caso ainda não foi julgado pelo Supremo. Segundo a página do tribunal na internet, o processo está parado desde dezembro de 2007. O caso Sudam foi um dos mais rumorosos da história recente do país. O grupo de Jader, que controlava a instituição, foi acusado de desviar R$1,7 bilhão, em valores da época.

Jader renunciou ao mandato de senador em outubro de 2001, acossado por denúncias de fraudes na Sudam, no Banpará (Banco do Estado do Pará) e em títulos da dívida agrária, no período em que foi ministro da Agricultura. Três meses depois da renúncia, em fevereiro de 2002, Jader foi preso em Belém e conduzido algemado até a PF em Palmas. No encerramento das investigações, Jader e mais 59 pessoas foram denunciadas por desvio de dinheiro público e formação de quadrilha, entre outros crimes.

A falta de desfecho na Justiça para o caso Jader e de outros escândalos foi motivo de uma troca de acusações entre o ministro Gilmar Mendes e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Gilmar reclamou da demora nas investigações. Gurgel rebateu com o argumento de que o problema não é exclusivo do Ministério Público Federal. O procurador lembrou que vários processos, inclusive o da Sudam, não tiveram resposta definitiva do STF.

Em 2001, Jader foi acusado de facilitar a aprovação de projetos na Sudam, cujos autores receberam recursos do órgão, mas não tiraram as propostas do papel. Segundo o MP, o dinheiro não aplicado abasteceu campanhas eleitorais e enriqueceu os acusados. Jader foi denunciado ainda por desvio de verba do Banpará em 1984. O caso foi denunciado ao STF em 2004, mas está parado.