Título: Região Sudeste frustra estratégia da oposição
Autor: Vasconcelos, Adriana; Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 02/11/2010, O País, p. 17

Aliados de Serra pretendiam compensar, em Minas e São Paulo, a vantagem de Dilma no Nordeste

SÃO PAULO. A Região Sudeste, considerada o motor de propulsão de uma eventual virada de José Serra (PSDB) no segundo turno, acabou se tornando uma das razões para a vitória de Dilma Rousseff (PT). Em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, a petista praticamente anulou a vantagem do tucano em todos os 11 estados onde foi vitorioso, incluindo São Paulo.

A presidente eleita, com 56% dos votos válidos, teve uma vantagem de cerca de 12 milhões de votos sobre Serra em todo o país praticamente a mesma diferença que Dilma teve sobre o tucano nas regiões Norte e Nordeste, que foi de 11,8 milhões de votos.

E o saldo da presidente eleita em Minas (1,79 milhão de votos sobre Serra) quase anulou a vantagem do tucano sobre a petista em São Paulo (1,84 milhão de votos), sendo que este estado foi governado por Serra. Já a vantagem dela no Rio de Janeiro conteve a dianteira do tucano nas regiões Sul e Centro-Oeste.

A geografia eleitoral de 2010 mostra ainda que não houve grande diferença histórica, se comparada ao resultado do segundo turno de 2006, quando o presidente Lula ganhou do tucano Geraldo Alckmin. Para o cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, as condições econômicas do eleitorado e os índices de aprovação de Lula explicam as diferenças regionais nos resultados.

Os mapas dos resultados eleitorais começam a ficar muito parecidos. A concentração de votos da Dilma acompanha dois fatores, os locais onde Lula tem seus mais altos índices de aprovação e a situação econômica dos municípios disse Almeida, citando a vantagem de Dilma no Nordeste e sua desvantagem no Sul.

Segundo ele, a situação em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, onde Dilma ganhou com 58,5% dos votos, não pode ser atribuída à suposta falta de empenho do exgovernador e senador eleito Aécio Neves (PSDB). Além disso, ele considera que Serra teve resultado pífio em São Paulo, onde também foi prefeito da capital e poderia ter alavancado uma margem maior.

A diferença que ele conseguiu em São Paulo foi pífia. Já em Minas, é preciso lembrar que é um estado ainda pobre, com alguns polos de riqueza.

Além disso, o governador não transfere voto para presidente, não é o normal. É injustiça cobrar o Aécio Neves, que conseguiu fazer seu sucessor, com Antonio Anastasia completou.

Nos 11 estados em que ganhou, incluindo todo o Sul e todo o Centro-Oeste (excluindose o Distrito Federal), Serra conseguiu um total de 3,5 milhões de votos, equivalente à margem de Dilma apenas no Rio e em Minas.